Tudo
começou no dia 20 de agosto de 1966, em um sábado, onde dois homens
foram encontrados mortos no alto do Morro do Vintém, no Bairro de Santa
Rosa, em Niterói (RJ).
Os corpos, encontrados sem qualquer sinal
de violência, estavam um ao lado do outro deitados de costas no chão, em
cima de uma espécie de cama feita com folhas de Pintomba (uma espécie
de Palmeira).
Os corpos dos homens, que estavam usando ternos
limpos e capas de chuva, já estavam em estado de decomposição, ao lado
destes foi encontrado um estranho marco de cimento, uma garrafa de água
mineral magnesiana, uma folha de papel laminado que foi usada como copo,
um embrulho de papel com equações básicas de eletrônica e um estranho
papel com a seguinte escrita:
16:30 hs. – estar no local determinado.
18:30 hs. – ingerir cápsula após efeito,
proteger metais e aguardar sinal máscara.
A
autópsia dos corpos, realizada pelo médico legista Dr. Astor Pereira de
Melo, nada revelou como “causa-mortis”, visto não haver qualquer
evidência de violência, envenenamento, distúrbios orgânicos e total
ausência de contaminação por radioatividade, além de diversos exames
toxicológicos nas vísceras, também negativos.
Os
dois homens, identificados como Miguel José Viana, 34 anos, e Manoel
Pereira da Cruz, 32 anos, moradores da cidade de Campo de Goitacazes,
interior do Rio de Janeiro, eram e sócios radio-técnicos.
Reconstrução do caso
Agosto/66
– Não se sabe exatamente o dia em que os técnicos fizeram as máscaras
de chumbo, mas o restante do material utilizado na construção foi
encontrado na oficina localizada em Campos (RJ).
No
noite de terça-feira (16), Manoel Pereira da Cruz disse a sua esposa
Neli que iria para São Paulo, juntamente com Miguel Viana, para comprar
um carro usado e alguns componentes de eletrônica para o estoque da
oficina, tendo embrulhado cerca de dois milhões e trezentos mil
cruzeiros para a viagem.
Na quarta-feira, às 09 horas, os dois
homens embarcaram no ônibus na Rodoviária de Campos, chegando na
Rodoviária de Niterói às 14:30.
Até o instante em que morreram, a
polícia descobriu que eles passaram em uma loja de componentes
eletrônicos, no centro de Niterói, depois compraram capas de chuva e em
seguida passaram em um bar, onde compraram uma garrafa de água mineral
magnesiana, não esquecendo de pegar o comprovante do vasilhame, para
devolver quando retornassem. A pessoa que os atendeu porém, disse que
Miguel parecia estar nervoso e a todo instante olhava a hora em seu
relógio.
O vigia Raulino de Matos, morador do local, disse ter
visto quando Manoel e Miguel chegaram em um jipe, acompanhadas de outras
duas pessoas, ainda hoje não identificadas, e subiram o morro a pé.
Os
corpos foram encontrados na quinta-feira (18), por um garoto de 18
anos, Paulo Cordeiro Azevedo dos Santos que avisou o guarda Antônio
Guerra, que servia na radiopatrulha, porém ele só foi lá dois dias
depois, acredita-se que o guarda ou outra pessoa teria revistado os
cadáveres para se apropriar de objetos de valor, mas isso não foi
provado. Somente no sábado (20), por volta das 18 hs, quando outro jovem
de mesma idade, Jorge da Costa Alves, avistou os corpos a Segunda
Delegacia de Polícia (2ª DP) de Niterói foi avisada.
No
domingo (21), subiram ao monte a polícia, bombeiros, jornalistas, além
de muitos curiosos, para resgatar os corpos, encontrando no bolso de um
157 mil cruzeiros e no bolso do outro 4 mil, além dos relógios.
A
hipótese de um terceiro personagem na história surgiu através de um dos
bilhetes e do sumiço do dinheiro, além da faca ou objeto cortante
utilizada para cortar as folhas de Pintomba. Essa hipótese de uma
terceira pessoa indicava que ela teria dirigido a pesquisa, mas não
participado.
Como suspeito a polícia prendeu o amigo Élcio
Correia Gomes, espírita, que teria introduzido os dois homens em
estranhas e grandiosas experiências, ressaltando que tempos antes os
três teriam causado uma explosão enorme na Praia de Atafona, no interior
do RJ, que causou um clarão e foi motivo de investigação de parte da
Marinha Brasileira, mas como nenhuma prova contra Élcio foi encontrada,
ele acabou sendo libertado.
Logo após os jornais anunciarem as
duas estranhas mortes, a Sra. Gracinha Barbosa Coutinho de Sousa e seus
três filhos, informaram que, na noite do dia 17, entre as 19 e 20 hs,
teriam avistado um objeto multicolorido, ovóide, de cor alaranjado, com
um anel de fogo de onde saíam raios azuis em várias direções, o que
desencadeou uma série de denúncias à policia de pessoas que também
teriam visto o tal objeto luminoso no mesmo local, dia e hora.
Para
técnicos em eletrônica os homens teriam sido mortos por um raio, pois
nesse dia chovia muito, argumentando que por estarem em um local alto,
com uma máscara de chumbo no rosto estavam mais propícios a serem
atingidos e que os corpos teriam sofrido queimaduras, mas que não teriam
sido observadas na autópsia porque a decomposição as teria desfeito,
hipótese que não foi confirmada pelo médico legista.
Já o Padre Oscar Gonzales Quevedo, professor de parapsicologia, que deu depoimento na época ao jornal
O Globo,
informou que as máscaras de chumbo eram usadas em testes mortíferos de
ocultismo, o qual admitia que os novos mundos emanavam irradiações
luminosas capazes de afetar o que chamavam de “terceiro olho”, por isso a
necessidade da proteção com as máscaras de chumbo. Nesta experiência, o
experimentador deveria ingerir uma quantidade de droga que lhe
permitiria entrar em transe, devendo estar em jejum para provocar o
desequilíbrio físico e mental. Essas pesquisas são conhecidas como
psígama e hiperestesia, sendo que na segunda os nervos hiperexcitados
são o instrumento pelo qual o homem procura sentir aspectos sutis da
realidade que o cerca.
Descobriu-se posteriormente que um caso
semelhante teria ocorrido há quatro anos, em 1962, quando um técnico de
televisão chamado Hermes foi encontrado morto, no Morro do Cruzeiro, em
Neves, sem nenhum tipo de violência, com todos os seus pertences e
também com uma máscara de chumbo. Ele teria ido ao alto do morro para
tentar captar sinais de televisão sem o auxílio de nenhum aparelho
eletrônico, disseram que ele teria engolido um comprimido redondo, mas
morreu porque não estava fisicamente preparado para a empreitada.
Os
corpos de Manoel e Miguel foram exumados, realizaram outra série de
exames, mas nada foi descoberto, somente hipóteses foram levantadas,
resultando no arquivamento do processo, em 1969, por falta de provas.
A
última informação que se tem sobre este caso é que, em 1980, o
cientista e Ufólogo Jacques Valleé, que trabalhava para a NASA, veio ao
Brasil exclusivamente para pesquisar esse caso, mas ao chegar ao local,
com sua esposa, o detetive Saulo Soares de Souza e o repórter policial
Mário Dias, ficaram estarrecidos, pois onde os corpos foram encontrados
não havia vegetação, como se o local dos corpos fosse demarcado e, o
solo estava como se tivesse sido calcinado.
Explicação na visão dos Céticos
- Para os céticos os códigos encontrados nos bilhetes são de peças
eletrônicas, como válvula, com as quais eles trabalhavam e que
pretendiam comprar na viagem; – Acreditam em uma possível tentativa de
contatar seres ou espíritos extraterrestres por meios exotéricos, mas ao
invés de ETs, teriam encontrado um criminoso, o terceiro elemento
cogitado pela polícia, que os teria manipulado e envenenado; – Devido ao
apodrecimento das vísceras no IML antes de serem examinadas, o exame
toxicológico não teria sido feito, fato revelado em um programa especial
“
Linha Direta Justiça“, de julho de 2004; – O fato da
vegetação não crescer na área onde os corpos foram encontrados seria
explicado pela quantidade de formol jogada no solo para conter o cheiro
que teria impregnado no local.
Não se sabe ao certo o que
realmente aconteceu no “caso das Máscaras de Chumbo”, é possível também
que nunca saibamos de fato, sendo mais um dos casos sem explicação da
história.