sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Boa Noite


Ela vivia em um pequeno apartamento com seus marido e dois cães. Sendo que o prédio era antigo e as paredes eram finas, todos os barulhos na entrada da casa e na sala de estar era ouvidas do quarto.

Tarde em uma noite, ela decidiu ir para cama enquanto seu marido levava os cachorros na rua para a última caminhada do dia. Antes de entrar no quarto ela ouviu o barulho das coleiras dos cachorros e o abrir e fechar da porta da frente.

Assim que ela começou a cochilar, ouviu a porta da frente abrir e fechar enquanto seu marido reentrava no apartamento. Ela viu uma pequena tira de luz enquanto ele abria a porta do quarto e depois fechava lentamente atrás de si. Ele silenciosamente subiu na cama e entrou para de baixo das cobertas. Ela murmurou "Eu te amo", e dormiu antes de ouvir a resposta.

Poucos minutos depois ela se acordou quando ouviu a porta da frente abrir e fechar de novo. Então ouviu o barulho das coleiras dos cachorros e a voz de seu marido.  Quando ela percebeu que seu marido não estava ainda na cama, ela sentiu uma mão fria acariciando sua bochecha. 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Pé-de-elefante - A Medusa Nuclear


Essa foto é o mais próximo que a humanidade chegou de criar uma Medusa.

Se você olhar diretamente para isso, você morre. Simples assim.

A imagem provém de uma formação de "lava" do centro de um reator no porão da usina nuclear de Chernobyl. Ela se chama pé-de-elefante e pesa centenas de toneladas, mas só tem dois metros de extensão e algo como meio metro de altura.

Pé-de-elefante


A foto foi tirada com a ajuda de um espelho no canto do corredor, pois a câmera-robô enviada até lá para tirar fotos foi destruída pela radiação. Fotos em cor ou leituras sobre a temperatura da coisa ainda não foram divulgadas ao público, mas a idéia de algo que pode matar só de olhar para, apesar de saber a explicação racional acerca da radiação, é assustador.

A densidade do pé-de-elefante ultrapassa níveis e recordes para uma massa nuclear de suas proporções.

Artigos da Wikipédia resumidos informam que o peso passa das 1200 toneladas, e que só perde cerca de 10 quilos de urânio por ano. Possui características de um monstro de ficção científica. A massa resiste ao ambiente e é protegida pelo abrigo nuclear da usina, a perda de 10 quilos anuais está estimada para se reduzir com o passar do tempo. Sim, com o passar dos anos o pé-de-elefante vai parar de perder massa.



Este material é o "Corium". O "Corium" só é produzido durante desastres nucleares. O combustível sólido derrete se tornando um líquido extremamente quente que desfaz e destrói tudo em seu caminho. Aço, concreto, areia e qualquer coisa que encontrar, fundindo tudo em uma massa só.
O pé-de-elefante é uma mistura de combustíveis, material radioativo e materiais do prédio, tendo se solidificado do mesmo modo que algo como o vidro.



A radiação de Chernobyl durará mais de cem mil anos.

Mason

Era um dia escuro e chuvoso de fevereiro quando fui atingido por uma pequena picape vermelha. 15 de fevereiro. Me disseram que voei 4 metros antes de bater com a cabeça no chão. Aparentemente o motorista não me viu atravessando.Eu não me lembro de nada desse dia.Por 4 semanas eu dormi, em um coma que muitos temiam que eu não saísse. Fui colocado em uma ala para crianças e adolescentes com ferimentos graves ou doenças.Meu colega de quarto era um garoto chamado Mason. Eu nunca descobri seu sobrenome. Nesse tempo no qual eu dormi, ele foi descobrindo pequenas coisas sobre mim pelos meus vários visitantes. Minha cor favorita, que tipo de música eu gostava e outras coisas aleatórias.No dia em que acordei, fui regado de amor e atenção da minha família e levei quase 1 hora para notar a presença daquele garoto deitado na cama ao lado da minha. Ele me deu um sorriso torto e silenciosamente voltou ao livro que estava lendo.Uma hora ou outra fui deixado em paz e depois de 20 minutos sozinho com Mason, pensando, eu falei e perguntei seu nome. Sua voz era suave e baixa e nunca deixou de me arrepiar. Passamos o resto da noite brincando de perguntas e nos conhecendo.Eventualmente meu médico iria quebrar nossa diversão e falar sobre os meus ferimentos e sobre como o processo de recuperação seria. Ele me disse que quando fui atingido, não só tive uma feia concussão, mas minhas pernas também haviam quebrado na minha não tão graciosa aterrissagem.Disseram que eu tinha 60% de chance de andar de novo.Nós ficamos próximos instantaneamente. As enfermeiras riam e diziam que parecíamos um casal de idosos empacotados na cama assistindo qualquer novela que estivesse passando na tv. Mason dava seu sorriso de sempre enquanto eu ficava vermelho e colocava meu rosto no seu peito.Nós dois tínhamos nossos dias bons e ruins. Num dia particularmente difícil de tratamento para ele, nós deitamos com ele tremendo em meus braços. Nunca vou esquecer seus soluços suaves ou o nó na boca do meu estômago. Eu finalmente tomei coragem e perguntei a pergunta de um milhão de dólares.Ele tinha a doença de Hodgkin. Acho que nenhum de nós dormiu naquela noite.Conforme minhas pernas iam passando do gesso para muletas, a quimioterapia de Mason começou. No entanto, sem hesitar, quando eu voltava frustrado ou em lágrimas depois de uma sessão de terapia difícil, ele estava lá para me confortar com suas palavras calmantes e reprises de I Love Lucy.Nas próximas semanas, a quimioterapia começou a cobrar o seu preço. Seus cachos castanhos afinaram a quase nada, círculos escuros tomaram lugar permanente embaixo de seus olhos e sua pele se tornou branca como a neve. Conforme minhas pernas ficavam mais fortes, o dia em que seria liberado não parecia mais um dia a se esperar.O dia em que decidimos raspar sua cabeça foi o dia em que quebrei. Eu disse a ele que faria qualquer coisa; doaria sangue, medula óssea, qualquer coisa para ele ficar melhor mais rápido mas ele apenas me deu o seu sorriso que me fez derreter e enxugar minhas lágrimas.60%. Mason tinha 60% de chance de vencer seus demônios. O mesmo que eu.Em 12 de maio, eu estava oficialmente liberado do quarto 104. Eu andaria mancando pelo resto da vida. Todo dia eu visitava Mason. Todas as vezes que ia embora tirava uma foto nossa juntos. Nos próximos meses podia comparar a primeira foto com a última e ver como ele estava se deteriorando. Era de partir o coração.Em 17 de agosto foi a primeira vez que o perdi. Pela noite uma febre forte parou seu coração por quatro minutos e meio. Foram os piores momentos da minha vida. Sentei do lado de fora do seu quarto em uma desconfortável cadeira de plástico vendo as enfermeiras que eu conhecia muito bem correndo para cima e para baixo tentando salvar sua frágil vida.Eu não saí do seu lado até que ele apertou minha mão, piscou e me disse para ir para casa tomar um banho.Depois disso, eu jurei nunca deixá-lo me deixar sozinho de novo.Eu acho que as chances não estavam a favor de Mason porque na época de Ação de Graças ele era quase um esqueleto. Mas eu não ligava.Ele me disse aquela noite que aceitava o fato de seu tempo estar quase acabando e que ele iria esperar por mim do outro lado. Eu implorei para ele não ir, mas ele apenas balançou a cabeça levemente e fez pequenos círculos nas minhas costas com sua mão. Ele não iria sobreviver para ver o Natal.Isso foi há dois meses.Não mais aguentando vê-lo ligado a todo tipo de máquinas, nós decidimos fugir durante a noite. Eu o arrumei e fomos embora no carro da minha mãe até chegarmos em uma velha cabana onde minha família passava os feriados. Mason e eu não poderiamos estar mais felizes. Eu não ligo de estar no noticiário todas as noites ou que todos os policias do estado estejam me procurando.Tudo que quero é ficar com Mason para sempre.Mesmo que sua carne esteja cheia de larvas e sua pele esteja começando a cair de seus ossos. Nem que o cheiro do seu cadáver apodrecendo nunca saia da minha pele. Seus lábios ainda estão quentes de noite e ele sussurra doces segredos no meu ouvido antes de dormirmos. Ninguém, nem a polícia, nem os médicos vão nos separar. Eu estarei pronto para eles quando eles vierem.Eu fiz questão de pegar o bisturi mais afiado que pude achar quando saímos do hospital.Mas até lá, vou me deitar nos braços de Mason ou pelo menos no que eu acho que antes foram seus fortes braços e vamos conversar a noite toda até que ele me leve.Vamos ficar juntos para sempre.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Demônio da caixa

Em 2001 um marceneiro comprou uma caixa com inscrições em hebreu numa venda de garagem, de uma sobrevivente do Holocausto.
Sua neta afirmava que na caixa tinha um Dibbuk, um Demônio da mitologia hebraica.

O marceneiro deixou a caixa no porão onde lâmpadas explodiram sem explicação, vozes falavam palavrões e um cheiro de xixi de gato apareceu.
Ele deu a caixa a sua mãe , que sofreu um derrame 5 minutos depois.
Depois ele começou a ter pesadelos em que era perseguido por uma mulher horrorosa.

Em 2003, desesperado, ele vendeu a caixa no ebay pra um estudante. Esse logo começou a ter os mesmos pesadelos, começou a perder o cabelo e ter manchas na visão periférica!
O estudante vendeu a caixa em 2004 pro diretor de um Museu. No primeiro dia com a caixa ele sentiu dor de estômago e sonhou com a mulher horrorosa.
Sua família reclamava que sua casa estava sempre fria mesmo com o aquecedor ligado, e ele e seu filho viam sombras vagando pela casa.

Doente e tomado por brotoejos o diretor procurou o marceneiro e juntos tentaram identificar a origem da caixa.
Eles encontraram uma prima de Havela, a sobrevivente do Holocausto. Ela contou a eles que nos anos 40 Havela invocou um demônio para combater os Nazistas. Sem controle do Demônio ela aprisionou ele na caixa.
A saúde do diretor do museu só melhorou quando ele fez um ritual de exorcismo Wiccano e guardou a caixa numa arca de acácia folheada de ouro.



Fonte: MedoB


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Cemitério Night Springs

Um sol laranja tecia seus últimos raios no céu ao se deitar no horizonte, iluminando fracamente Night Springs. Simon Willis, na meia idade, aproveitava essas luzes finais para olhar para o túmulo de sua mãe e pensar sozinho. Não lhe restava muito tempo, o cemitério ficava perigoso depois da noite. Não por alguma razão misteriosa, se você julga assim ser, mas sim por ele ser rodeado por uma floresta, e ser o único lugar em toda a Pennsylvania a ter registros de lobos selvagens por perto.

"Você sabe dos lobos, não sabe?"

Simon pulou ao ouvir a voz e virou seu corpo com raiva para o intruso. Ele conseguiu se acalmar ao reconhecer o velho de aparência gentil como o coveiro do cemitério. Sua raiva gélida derreteu logo que ele viu o homem erguer as mãos em gesto de desculpas.

"Desculpe-me, não queria lhe assustar assim. Achei que minhas velhas pernas barulhentas haviam me denunciado a mais de um quilômetro atrás."
O velho riu baixo e continuou a se aproximar, ao que Simon se permitiu um levíssimo sorriso de canto de boca após todo aquele duro dia. Por um momento, o coveiro observou o túmulo ao lado do homem, em reverência solene. Apesar de não haver apreciado a aparição de outros familiares ou amigos por perto, até gostou daquele velho homem ali por perto. O coveiro trouxe um senso de cordialidade ao luto de Simon, e lhe aumentou o oficialidade de se manter parado no seu lugar, como uma estátua. O homem até parecia saber a hora certa de quebrar o silêncio.

Eu cavei essa cova, sabe. Cavei todas as covas por aqui, na verdade. Mantém meu corpo mais jovem do que realmente é." disse ele, olhos brilhando com orgulho. Era verdade. Simon lembrava de conhecer esse homem desde de era criança, ele já devia estar nos seus oitenta anos ou algo assim, mas parecia estar chegando aos sessenta agora. Não parecia ter envelhecido tanto assim nesses anos.

"Estou nesse emprego a quarenta anos agora. Foi passado a mim pelo meu pai logo após sua morte. Ele devia ter minha idade, mais ou menos, quando aconteceu. Me chame Jeremy Carter, se está se perguntando como me chamar. Só Carter já basta."


"Carter," Simon repetiu vagamente. "Como seu pai faleceu? Se não se importa que eu pergunte."

"Não, não, tudo bem. Ele só ficou cansado de viver, suponho. Provavelmente fumou demais e enterrou boa gente demais." Aqui ele mudou o assunto. "Não sabia muito sobre sua mãe, mas a reconheci ao saber que morava na cidade. Nunca soube o nome dela. Ouvi dizer que foi câncer."

"É..." A voz de Simon soou vazia e ele se perguntou se não seria assim para sempre agora em diante.

"Uma maneira terrível de se partir. Morrer aos poucos. Já deve estar cansado de ouvir isso mas, meus sinceros pêsames."
Carter estava certo. O "Obrigado" que saiu da boca de Simon foi automatizado e sem sentido. Como um músculo usado demais, até pararmos de sentir ele. Tudo que Simon queria era fugir dessas formalidades de pêsames e respeitos e passar o luto de sua mãe em paz. Ele não sabia se um dia essa palavra voltaria a ter significado outra vez.
Simon queria falar sobre sua mãe com esse homem. Até tentou começar com um "Ela-" antes de notar que nenhuma palavra seguiria e sua garganta estava seca. De algum modo, o velho homem parecia entender isso tudo e foi aproximando o assunto do que Simon queria.

"Sei que sua mãe sempre viveu aqui, então estou certo em afirmar que você cresceu em Night Springs também?"

A pergunta ofereceu caminho para abir a conversa desejada então Simon gentilmente aceitou e respondeu.

"É, bem, eu nunca conheci meu pai, então cresci aqui sozinho com minha mãe." Então se corrigiu. "Bem, não sozinho. Tem toda uma cidade, naturalmente, e eu costumava conhecer todo mundo. Minha mãe nunca teve outro filho ou se casou de novo, então sempre fomos só nós dois na casa."

Simon parou por um momento, refletindo, então sentiu que precisava falar apropriadamente para honrar a memória de sua mãe.


"Era bom de qualquer jeito. Minha mãe foi uma grande mulher. A casa era pequena comparada com as outras, mas dava para nós dois e ela trabalhava muito para mantê-la. O Sr. Anderson no banco - não sei se ele ainda está lá - ele não esteve no funeral hoje - Ele sempre ajudava quando possível aumentando o crédito de minha mãe ou alargando o valor de seu empréstimo. Foi difícil quando fui para a faculdade e ela precisou trabalhar em período integral em dois empregos para que eu pudesse me concentrar só nos estudos. Me formei e logo consegui um estágio em advocacia, me bacharelei e quando completamente formado pude dar descanso a ela. Sempre tentava aparecer aqui nos feriados, mas era muito difícil deixar a cidade e meus clientes, nem que por um dia. Isso me dominou mais do que eu deveria ter deixado."

"Fiquei arrasado quando soube que ela estava com câncer. Tentei fazer ela se mudar para perto de mim para tratamento médico apropriado na cidade mas ela recusava sair dessa cidade. Eu mal pude esperar para ir para faculdade mas ela sempre amou estar aqui. Eu poderia vir para cá e cuidar dela, mas não podia simplesmente abandonar todo o pessoal lá e destruir a carreira que ela se orgulhava tanto de eu ter conseguido. E ela insistia que nossa vizinha Debbie cuidava bem dela. Elas sempre foram como irmãs uma para a outra. Ofereci Debbie pagamento de enfermeira mas ela ignorou. Sabe como é o pessoal dessa cidade."

Os dois homens compartilharam aquele silêncio meio nostálgico de conterrâneos. O sol não podia mais ser visto agora. Ainda se via umas listras laranjas mas a escuridão da noite já fazia seu manto por cima de tudo. Estava ficando bem escuro.

"Ela lutou por um tempo ainda. Eu tinha... Eu tenho muito orgulho dela. Sete meses de luta, foi isso. Visitei-a bastante, uma dúzia de vezes, apesar de não passar de no máximo o fim de semana, ainda assim, ela ficava bem feliz. Nunca imaginei que ela resistiria assim tanto tempo. Até nas semanas finais ela parecia muito bem."

Simon notou que havia concluído. O homem pôs uma mão em seu ombro e disse: "Você foi um ótimo filho. Falei com Debbie, você sabe, ela me contou que sua mãe só falava de você e do quão duro você trabalhava. Ela tinha.. tem muito orgulho de você."
Simon não chorou, mas não conseguiu falar também. Uma longa pause se deu até que Carter quebrou o silêncio de novo. "Bem, é melhor eu ir andando. Um coveiro tem sempre muito trabalho. E você também, deveria ir andando. Sabe, os lobos. Eles uivam um bocado de noite, mas dificilmente atacam se não forem provocados. De qualquer modo, a iluminação é pobre e é melhor não arriscar. Tome cuidado para não dar com a cabeça no túmulo de alguém se tropeçar."

"Obrigado, mas eu vou ficar um pouco mais. Não muito, tá tudo bem, acho que talvez só mais uns minutos."

Carter bateu no ombro do homem uma última vez e disse "É claro rapaz." Com isso, sumiu na luz da noite, deixando Simon em seu luto, solitário mais uma vez.

Simon manteve sua palavra e ficou mais alguns minutos. Pensou em mais algumas palavras para sua falecida mãe, esperando que ela ouvisse, onde quer que estivesse. Tentou se lembrar de todo e cada bom momento com ele, formando mil imagens das lembranças e tentando fugir da visão dela em seu leito de morte. Ele estava pronto para ir embora quando ouviu um grito.

Um uivo havia sido escutado momentos antes, então, um rápido gritou seguiu, acompanhado de gritos agonizantes de uma voz que ele reconheceu.

"SENHOR CARTER!" Ele gritou, correndo na direção do grito, conforme eles ficavam mais e mais intensos. Não levou muito tempo até ele tropeçar em uma pequena pedra e cair dentro de uma cova recém-cavada. Simon Willis morreu instantâneamente da queda.

A apenas 50 passos adiante, escondido nas sombras, um homem entregava a seu cão uma recompensa, um biscoito. Sua garganta estava ardendo dos gritos, mas ele conseguiu dizer um "Bom garoto", para seu lobo de estimação por ter se comportado bem.

Devagar e metodicamente, Jeremy Carter andou pelo labirinto de túmulos até a cova recém cavada a algumas horas. Havia preenchido seu solo com estacas de madeira.
Sacudiu a cabeça em desapontamento ao olhar para o corpo, lavado em sangue. Era um bom rapaz... Ele quase gritou para que ele parasse, no intuito de salvar a vida do menino. Um pensamento estranho para Carter. Talvez ele houvesse enterrado muita gente boa. Mesmo assim, não pensou duas vezes em beber da energia remanesceste do corpo do homem. Sentiu suas juntas velhas se rejuvenescerem e se fortalecerem.

Talvez ele saísse desse trabalho logo. Mas seu pai foi até os cento e vinte anos e ele pretendia ir muito além disso, estava determinado. Além do mais, um coveiro tem sempre muito trabalho.

Um lobo uivou na noite conforme Jeremy Carter preenchia o buraco que havia feito no chão com terra.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Robert, O boneco.


Por volta de 1900, um rico homem chamado Dr. Otto, vivia em Key West, e lá com ele moravam diversos servos (escravos) que ele trouxera das Bahamas. No que muitos especulam ter sido um ato de vingança, um servo boêmio deu a Robert Eugene Otto (filho do Dr. Otto) um boneco feito de barbantes, pano, cabos, palha e, algo como, uma pedra-de-alma (possivelmente a do filho do servo que morrera a pouco tempo). Essa prática em meio de voodoo requer um pequeno cristal do apego pessoal de alguém enquanto vivo, que, colocado no objeto de desejo, após a morte do dono do cristal, se torna uma espécie de vaso e ganha uma alma própria. A irmã de Eugene morreu por volta do tempo em que ele ganhou o boneco. Eugene deu a Robert o Boneco seu nome de Robert, e fez com que todos o chamassem de Eugene (Gene). Através de sua infância, toda vez que algo ruim acontecia e a culpa recaía sobre Eugene, ele dizia que Robert havia feito isso.

Mais preocupantes ainda foram os eventos que se seguiram - Taças e talheres sendo atiradas na sala de jantar, servos escondidos durante seus turnos da noite enquanto ouviam barulho onde roupas que eram rasgadas e papeis que eram amassados e jogados no chão em aposentos esquecidos da casa. Brinquedos queridos de Eugene que começaram a aparecem multilados e brutalizados quando no profundo da noite se ouvia uma fina risada. Eugene podia quase sempre ser ouvido de seu quarto de brinquedos enquanto brincava e após um momento de silêncio solene, o burburinho baixo de conversa soava até os ouvidos dos servos, primeiro na voz de menino de Eugene, e, logo depois, em uma voz de tom totalmente diferente.




As vezes a voz de Eugene soava agitada, mas a voz em resposta só parecia insistente, e eram esses momentos que preocupavam os servos e depois a Sra. Otto. Nessa ocasião em específico, a mãe preocupada ia até seu filho, e, ao abrir a porta do quarto de brinquedos, o encontrava em um canto da sala, enquanto Robert o Boneco estava em alguma cadeira ou na cama, parecendo olhar para o menino. Eugene manteve uma relação próxima com Robert até ele sair para estudar artes em Paris, onde ele encontraria sua futura esposa Anne.

Logo se casaram e se mudaram para sua casa em Key West, tal conhecida como "A casa do Artista". Eugene contratou pedreiros para construírem um quarto no tamanho de Robert feito no terceiro andar de sua casa no estilo vitoriano, e tinha até mobília, teto rebaixado e tudo mais. O casamento foi um desastre desde o começo porque Eugene insistia que o boneco os acompanhasse para todo lugar, até mesmo na sala de jantar ou no quarto na noite de núpcias. Crianças vindo da escola para casa (muitas dessas entrevistadas, sempre com os mesmos resultados) diziam ver Robert se mover pela casa nos andares de cima, de um quarto para outro e de um andar para outro pelas escadas. Conforme Eugene envelhecia, foi ficando extremamente abusivo com Anne, sendo descoberto depois que ela chegou a ser trancada diversas vezes no cubículo debaixo da escadaria várias vezes ao dia. Após a morte e enterro de Eugene no cemitério Key West, Anne foi para casa de sua família em Boston e colocou sua casa para alugar.

Quando Anne saiu, ela deixou Robert trancado em seu quarto no andar de cima e colocou nos termos de contrato de que não importasse o que ocorresse, o ele seria o único a ocupar aquele quarto, ou o contrato seria quebrado. Permaneceu-se assim até sua morte em 1976. Os primeiros novos registros de atividade foram de um encanador contratado para fazer uns reparos. O encanador disse:

"Estava fazendo meu trabalho na parte de cima da casa. O novo pessoal queria fazer um quarto novo e eu estava passando os canos para um novo banheiro. O boneco era muito assustador, sentado lá, na sua pequena cadeira, segurando seu bicho de pelúcia, mas eu tinha que fazer meu trabalho porque bem, era meu trabalho, então tentei não pensar muito nele. No andamento de meu trabalho tive que descer na minha van algumas vezes para pegar peças ou ferramentas, e posso jurar que cada vez que eu voltava a posição do boneco havia mudado. Eu ia terminar meu serviço quando fui descendo as escadas e ouvi uma risada infantil atrás de mim. Quando me virei, o boneco estava do outro lado do quarto. A primeira coisa foi procurar por uma criança no quarto, mas não havia mais ninguém. Não muito apavorado, mas ainda assim julgando o fato estranho demais, terminei de descer e fui embora. Provavelmente algumas ferramentas minhas ainda estão lá."

Futuros ocupantes da casa registraram ter escutado barulhos vindo de cima incluindo passos, risadas e batidas, e, sob inspeção, descobriam que Robert havia saído de seu lugar de onde haviam o deixado. Com o tempo, geralmente ele só cruzava os braços, ia de lado para outro lado da sala ou dobrava as pernas, ou se mudava de cadeira para cadeira. Os moradores ficaram tão perturbados que o trancaram em um baú, mas mantendo-se ao contrato, deixaram o baú no seu quarto, sozinho. Mas isso não deu fim aos surtos. Robert saiu do baú e era encontrado cada vez em um lugar diferente, de maneira mais perturbadora e assustadora, e quando foi encontrado rindo e segurando uma faca de cozinha do lado da cama do novo dono da casa, não havia nenhum Eugene para ser culpado. Os moradores foram embora e Robert o Boneco assombrado foi para sua nova casa no Museu East Martello em Key west, onde está bem seguro.

Após longos anos, Robert foi finalmente redescoberto no estoque do Museu East Martello, e sob demanda popular, foi posto para exposição. Muitas pessoas especulavam que Robert havia perdido energia após ficar trancado tanto tempo, entretanto, agora novamente em contato com humanos, ele estava drenando energia. Talvez também conte os três ou quatro marca-passos que pararam na sua frente, registros de pilhas recém compradas para câmeras morrendo na sua frente, e de até mesmo máquinas que pararam de funcionar na sua frente (as autoridades do Museu gastaram 6 rolos de filme e muitas pilhas e só conseguiram uma meia dúzia de fotos para divulgação). Curadores do Museu reportaram terem visto Robert mudar de posição durante a noite, mesmo estando atrás de uma jaula de vidro, dentro de um Museu de tijolos bloqueado por três portas de madeira e barras de ferro em toda e qualquer janela. Pessoas que vão ver Robert também contam pasmas terem visto suas expressões faciais mudarem diante de seus olhos.

domingo, 4 de novembro de 2012

Família Buckley




Essa é a família Buckley. Os nomes das crianças eram Susan e John. Como uma brincadeira de Halloween, todas crianças da vizinhança iam pegar um manequim e fingir que iam arrancar sua cabeça. Os jovens Buckley pensaram que seria mais divertido se realmente viessem a matar sua mãe, então quando as crianças andassem até a porta deles, eles tinham um machado e abateriam-na. Uma vez que todos perceberam o que eles tinham realmente feito, foi chamada a polícia, mas as crianças já tinham sumido então. A única foto deles foi essa, tirada como travessura. O corpo da mãe foi encontrada depois comida pela metade.

Votos


Eu te amo.
 Você me ama também, não é? Claro que sim. O anel no meu dedo prova. Idiota sou para sempre pensar o contrário.

Meu bem? Por que você parece assustado? Sou só eu. Amy. A mulher que você prometeu seu amor a doze anos atrás. "Nem mesmo a morte vai nos separar." Lembra disso? Foi o seu voto para mim. Você me disse, e outra vez, que você me amaria para sempre. Que você iria ficar ao meu lado e nunca ia me deixar.

Você está pálido. Eu sei que eu o deixei por um tempo, mas você não precisa me tratar como se eu fosse um monstro. Eu tinha uma boa razão. Eu tinha que recuperar dos destroços que eu tinha por dentro. Eu passei muito tempo no hospital, então um período longo foi necessário. O lugar que eu fui foi tão pacífico, mas eu perdi você. Eu quero voltar, mas não sem você.

Pare de me olhar assim! Eu sei que pareço um pouco diferente. Ninguém seria o mesmo depois de um acidente como aquele. Mas não foi você que disse que minha beleza interior é tudo o que importa? Que meu rosto poderia ser derreteu pelo ácido, e você ainda beijá-lo todas as noites? Bem, me beije. Vamos lá! Você prometeu. Eu vou chorar se você o não faz.

Pronto, pronto. Viu só? Ainda sou eu. Agora, venha comigo, como prometeu. Precisamos partir agora, para que eu possa lhe mostrar o lugar. Precisamos também de nos instalar lá antes que nossa menininha saía do hospital.

Você já ouviu falar, certo? Bem, a pequena Lily teve que ficar no hospital um pouco mais do que eu. Mas ela estará saindo em breve, e ela vai direto para o lugar que estamos indo. Isto é tão excitante. Nós finalmente voltaremos a ser uma família novamente.

Amor, por que você está chorando? Por favor, pare. Isso é uma coisa boa. Para todos nós. Nossa família vai estar junta em um lugar agradável, seguro. Ah, e eu esqueci de te dizer a melhor parte! Meus pais estão lá! Eles vão nos ajudar a nos instalar lá dentro, não é incrível? Você e Lily finalmente vão poder conhecer os meus pais. Faz tanto tempo desde que eu os vi.

Pare de argumentar. Você prometeu-me que ia ficar comigo para sempre, e eu levo votos a sério. Além disso, Lily vai estar lá, e ela não pode ficar sem seu pai.
Estou tão animada que você finalmente concordou. Bagagens? Não. Tudo o que precisamos já está lá. Há um regime especial para nós três. Eu só precisava vir buscá-lo.

Faca? O que, isso? Oh, não é nada. Você me ama, certo? Bom. Feche os olhos. Agora, me beije antes de partir.

Eu te amo.