sexta-feira, 31 de agosto de 2012

O Ursinho Teddy



Minha irmã tinha um ursinho de pelúcia, um assustador ursinho de pelúcia. Eu não sei porque,
mas ele me assustava. Era tão perturbador para mim. A coisa tinha olhos que pareciam tão reais.
Era como se fosse feito de um urso real e seu rosto era apenas branco e inquietante.

Primeiramente eu comecei a ter sentimentos estranhos sobre o urso quando minha irmã o
ganhou, ela era apenas um bebê na época, e eu tinha quase 4 anos. Nós tínhamos um cachorro, e
ele tinha o hábito de comer as coisas, então minha mãe sempre tinha que o colocar em uma
pequena sala no corredor do andar de cima. Toda as vezes que subia aquelas escadas, eu via o urso estranho de repente brilhar no canto pra mim, é como se ele estivesse me observando. Essa não é a parte estranha; começou a ficar realmente estranho uns 5 anos depois: com 6-7 anos minha irmã perdeu o interesse no urso, então minha mãe apenas o jogou no armário de brinquedos antigos,o único problema era que o armário ficava no meu quarto.

Quando eu tinha 9 anos, idade suficiente para ficar sozinho e ir para cama sem qualquer
assistência, todas as noites eu deitava na minha cama e apagava minha luz. Foi quando ficou
estranho. Eu estava ficando com sono, mas de repente lembrei da minha mãe colocando o ursinho no armário; lentamente me virei para olhar em todo o meu quarto, para vê-lo através do vidro. Meu coração de repente parou, enquanto eu pensava nos horrores que o ursinho havia me causado, mas com 9 anos, eu queria crescer e perder meus medos, então só sacudi a cabeça e me deitei.

Quando me levantei para tirar meu lençol pra mais longe, notei algo que iria me deixar cicatrizes a vida toda: lá estava, no final do meu quarto, o ursinho. Meu coração começou a bater normalmente de novo. Fiquei ali sentado, olhando para ele por aproximadamente um minuto. Quando eu precisei bocejar, fechei os olhos. Os abri, para ver o ursinho sentado mais perto da minha cama. Neste momento, eu estava realmente assustado. Comecei a me mover para trás, encostei na parede e olhei em volta para ver se havia qualquer indicio de alguém ter entrado no quarto. Olhei para trás para ver o ursinho no final da minha cama, eu estava tão assustado que quase desmaiei de medo. Quando eu pisquei, ele tinha desaparecido. Olhei em volta. Para meu alívio, não vi nenhum sinal dele.

Deitei minha cabeça para trás no meu travesseiro, esperando por um pouco de sono. Então abri meus olhos. Estava acima da minha cabeça, olhando para baixo. Eu gritei pois ele pulou em cima de mim. Eu nunca vou ver um urso da mesma forma novamente. Alguns anos depois, depois de anos de horror, eu o queimei; estava satisfeito em como o urso foi transformado em cinzas na minha lareira.

Eu vivi minha pré-adolescencia e adolescência; a única coisa que eu conseguia lembrar que era de alguma forma semelhante com minha péssima experiência, foi quando assisti Trainspotting. Aquela merda de cena do bebê me chocou tanto, mas fora isso, tudo estava bem.

Quando fiz 19 anos, estava prestes a mudar para minha casa nova. Eu já tinha pegado as chaves da casa e estava pronto para montar minha mobília. Depois de horas de transporte, carreguei a útilma caixa do caminhão de mudança para a porta da frente e fechei a porta atrás de mim. Me virei para ir na cozinha e colocar a caixa na mesa.

Abri para ver que era um armário. Eu o tirei, andei até minha nova sala de estar e o coloquei lá no canto, olhei para ele e pensei comigo mesmo, eu não me lembro de embalar esse armário. Eu realmente não me importava muito com isso, afinal tinha acabado de me mudar para minha casa nova.

Voltei na cozinha para pegar minha televisão e a levei para a sala de estar, quando eu o vi. O
ursinho, ele apenas ficou lá, olhando para mim com aqueles olhos brancos e realistas. Foi além
da minha imaginação, como algo de um filme de terror. Meus medos não podiam ser contido e tanto faz aquilo ser urso ou uma possessão demoníaca, ele sabia que eu estava com medo. Eu o joguei no lixo e coloquei um bloco de cimento em cima da tampa. Naquela noite, eu dormi na minha cama, me sentindo um pouco mais seguro. Acordei de madrugada e olhei as horas. 12:00h.

Ouvi um barulho na cozinha. Fui até lá e notei que a porta de fora estava aberta e no chão tinha marcas de lama com formato de patas que levavam até a cozinha. Eu notei que uma das minhas facas não estavam no suporte e então ouvi algo estranhos atrás de mim. Corri até o carro e dirigi. Olhei no espelho retrovisor e vi o seu rosto. Ele estava segurando uma faca. Eu pisei nos freios. E ele voou pelo pára-brisa da frente, levantou-se e olhou direto nos meus olhos. Me senti como se ele estivesse me puxando pra ele. A única coisa que poderia estar indo em direção a ele seriam minhas duas rodas dianteiras. Me colidi com ele, senti uma leve batida, suspirei de alívio e dirigi. Nem um minuto depois, senti como se algo estivesse cortando a parte de baixo do meu carro. Então saí para verificá-lo: havia uma barra atravessando meu tanque de combustível. Corri bastante até o hotel mais próximo para ficar lá. O único que tinha era a uma milha de distância. Quando cheguei no hotel, caí na cama exausto. Quando eu acordei...

Ele estava no final da cama.



Creepypasta extraída do site: http://medob.blogspot.com.br/

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Talking Tom Cat


Vocês devem conhecer o aplicativo Talking Tom Cat, correto? Aquele aplicativo de Android e iOS, que o gatinho repete o que você fala! É Um aplicativo muito popular. Hoje eu resolvi comprá-lo, sempre disseram que era um aplicativo muito engraçado e tal. Acabando de baixar no meu iPhone, abro o app e ele não começou pelo "Outfit 7", a empresa, como vi em outros aparelhos. Deve ser normal. Não tinha o fundo de muro. Não tinha ações, deve ter sido um bug.

Falei um "Olá" e ele repetiu normalmente: "Olá". Realmente é muito engraçado a voz. Depois de alguns segundos rindo. Vi que o Tom estava borrado. Repeti um "oi oi oi oi oi" e ele repetiu, porém com uma voz muito diferente, muito distorcida, o jeito que ele falou me lembrou o Lavender Town. Algo estava errado. Fechei o aplicativo, coloquei o iPhone para carregar. Depois eu fui ver novamente o aplicativo. Agora ele abriu normalmente, como vi em outros aparelhos e nas imagens da App Store. Toquei nas ações para ver o que ele fazia. Tocava, tocava e o gato ficava parado. Ele começou a rir de repente, achei que era alguma ação, alguns segundos depois, ele parou. Começou a dizer algumas palavras, eu não conseguia ouvir direito, mas eu sei que eu ouvi "Help" repetidas vezes.

Chegou uma hora que eu consegui entender o que ele estava falando. Ele disse: "Socorro! Estou preso dentro desse aplicativo maldito. Eu já estou morto. Fui assassinado. Minha alma foi presa neste aplicativo". Joguei o iPhone no chão. Ele falou "Calma! Apenas me escute. Todos os aplicativos da série Talking são almas perdidas. São condenados a repetir o que usuários de smartphone falam. Eu também tive problemas com este aplicativo. Agora eu estou aqui. Devolva esse aplicativo se quiser salvar sua vida! AGORA!". Como assim!? Tentei devolver o aplicativo na App Store mas não deu tempo. Continuei meu dia normalmente, sem bizarrices. Quando eu fui dormir, Eu ouvi a voz do gato em um idioma não compreensível. Fui me levantar, para beber um copo de água, eu posso estar pensando muito nele e pode me ter tido alucinações. Acendendo a luz e me deparo com um gato, como foi que ele entrou aqui? Estava tudo fechado! Ele me atacou. Ele tinha garras tão grandes que furou meu coração. Agora eu estou aqui. Repetindo coisas, meu novo emprego. Usando um smartphone qualquer, digitando esse texto.
 E você, tem algum aplicativo da série Talking também?

Tome cuidado


"Nas últimas semanas uma onda de assassinatos tem devastado a cidade. A polícia diz ser trabalho de um serial killer, mas quando se pergunta mais sobre ao Chefe de Polícia Daniel Garfield, o mesmo se recusa a fazer comentários. Todas as outras autoridades questionadas responderam que antes de serem mortas, as vítimas recebem uma mensagem de voz em seus celulares ou telefones fixos dizendo : "Tome cuidado". E é tudo que dizem. A polícia ainda investiga os eventos, e pede para que qualquer um com informação sobre os assassinatos contate os imediata-"

Você desliga a tv, cansado de notícias ruins pela noite. Uma olhada rápida no relógio que lhe diz que faltam cinco para meia noite. Você boceja. Sua esposa trabalha no turno da noite mais uma vez e não virá para casa por pelo menos uma hora. Ela esteve trabalhando no turno da noite toda a semana. Cansado de esperar, você se arrasta até a cama e dorme, pensando nos recentes assassinatos. Você não tem um amigo policial? Deveria ligar para ele, só para ficar por dentro de qualquer informação extra.

Pela manhã do dia seguinte você acorda do lado de sua mulher. Ela deve ter chegado cansada também e decidiu não lhe perturbar. Pobrezinha, parece realmente cansada. Decide simplesmente deixá-la dormir. Se levantando, você vai até o rádio e o liga para ouvir: " -ssasino ataca novamente na última noite. A mesma mensagem de voz foi encontrada em sua caixa de mensagens. A polícia segue investigaç-". Desliga o rádio. Ainda todos falando sobre o serial killer.

Você se arrasta até a cafeteira, quando seu telefone começa a tocar. Hesitante, pensando na mensagem que as vítimas recebiam, você demora para atender, quando finalmente toma coragem, puxa-o do gancho e escuta: "Ei cara, comecei a me perguntar se você não ia me atender". Seu amigo policial.

Graças a Deus. Você suspira em alívio e dá uma desculpa de que esteva ocupado, por isso demorou. Se sentindo ridículo por ter visto sua mão tremer e pensar que poderia ser o assassino. Seu amigo prossegue: "Então cara, me deram uma folga, e eu estive pensando se não gostaria de sair para tomar café comigo, só nós, como nos velhos tempos. Quero livrar minha cabeça desses assassinatos e relaxar um pouco. Meu carro tá quebrado, então se você pudesse vir aqui me buscar lá pelas dez e..."

"Claro, claro.", você responde. Trocam despedidas e desligam. 10 minutos de carro até a casa dele, então você só deixa um bilhete rabiscado para sua mulher e sai pela porta.

Se prende no trânsito no caminho, e acaba chegando 15 minutos atrasado. Vai até a porta da frente, preparando mentalmente uma desculpa para seu atraso. Aperta a campainha e espera. Nenhuma resposta. Aperta de novo e nada. Bate na porta. Nada. Tenta a fria maçaneta de metal. Aberta. Entra lentamente e receoso, chama por seu amigo e nada, mais uma vez. Você sente um cheiro terrível descer até seu estômago e tem náuseas. Guiado por seu instinto e seu nariz, vai até a cozinha para encontrar o que não esperava. As paredes estavam vermelhas de sangue, e os corpos de seu amigo e de sua mulher boiavam no sangue do chão. Com rostos, braços, pernas e corpos cortados. Você vomita violentamente em resposta aquela cena. Uma mensagem acende seu celular. Mensagem de voz. Você prefere não ouví-la, obviamente, e sai correndo de volta para casa.

Esquece de chamar a polícia ou qualquer coisa assim, você só quer se afastar da imagem de seu amigo morto em sua própria cozinha.

Chegando em casa, tranca a porta atrás de si e procura sua mulher, não a encontra. Vê pegadas de sangue indo até seu quarto. Se desespera, grita pela sua mulher, mas seu grito é interrompido pelo toque da mão dela em seu ombro. Você rapidamente se vira e ela lhe diz: "Só queria que você tomasse cuidado".

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O Sequestro


Por que fizeram isto comigo? Há tanto tempo estou sequestrado que já perdi a noção do tempo. Semanas, meses... quem se importa? Os minutos nesta cela, neste purgatório, neste calabouço custam a passa de todo modo.

Já estou no limite! É duro ser acordado a pontapés, a baldes d'água e até chicotadas sem ter feito NADA! Aliás, sem eu ter nada para oferecer em troca de minha liberdade, pois não tenho nenhuma posse, nem nada de valor que interesse estes malditos estrangeiros. Sim, estrangeiros! Só podem ser uma quadrilha internacional, pois falam apenas uma língua que eu não entendo, e também acho que eles não me entendem.
Lembro do dia em que me sequestraram: eu havia saído para almoçar com meu filho menor, pois ele é muito peralta,e minha esposa queria realizar seus afazeres. Amo muito minha família, Adorava passear com meus filhos, sempre foi muito agradável, até este dia... Na volta para casa surgiram estes homens de preto, e tudo que pude fazer foi grita para Dean correr. Eles eram em cinco, e haviam me baleado pelas costas. Ferido, não pude defender meu caçula; espero que não o tenham levado também.

Desde então não tive mais notícias de minha família, nem sei se sabem o que aconteceu comigo.

Às vezes penso que vou enlouquecer! Não falo com ninguém desde que me trouxeram para cá. Os estrangeiros só aparecem para me dar comida (uma verdadeira lavagem) e me acordar. Tem alguns que até me "interrogam". Param na janela de meu cativeiro e parecem falar comigo, até sorriem, mas nunca soube o que me disseram.

E pelo jeito não sou o único sequestrado. Ao lado de meu cativeiro parece ter outro refém, mas ele fala em um idioma indistinguível. Com certeza um idioma diferente até dos estrangeiros.

Pelo tempo que estou aqui deviam ter percebido o engano, não sou quem eles querem! Por que não me soltam? Por que não me matam de uma vez? Tudo é melhor que esta agonia.

Prova que se enganaram é que nem meu nome eles sabem! Eu me chamo Jonatha, mas neste lugar, chamado Zoológico, eles me confundem com um tal de Leão...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Edward Mordrake, o homem de duas faces


Edward Mordrake era um herdeiro de um título de nobreza do século XIX, na Inglaterra.  Ele tinha uma face extra na parte de trás de sua cabeça, que nunca pode falar ou comer, mas por outro lado podia chorar e rir. Edward implorou aos médicos para que removessem sua "cabeça de demônio", pois, supostamente ela sussurrava coisas horríveis a ele de noite. Mas nenhum médico cedeu-o a remoção da face. Ele cometeu suicídio com 23 anos.
 Há duas histórias que falam como Edward se matou, uma com veneno e outra com um tiro em um dos olhos da sua outra face. Mas em ambas das versões diziam que Edward deixara uma carta pedindo para que a sua segunda face fosse destruída antes de seu sepultamento, pois não queria que fossem ouvidos sussurros em seu túmulo.

Jeff Está de Volta

A história a seguir foi escrita por um detetive que, após analisar os vídeos de evidência, relatos de testemunhas, e o vídeo que a vitima alegou ter assistido, desenvolveu uma história. Esta é sua história.

Era tarde da noite em uma típica terça-feira. Eu estava navegando na internet, enquanto tinha dois grandes copos de cafés que havia pegado em um bar ao lado de minha casa, e naquele dia, eu não conseguia dormir. Depois de assistir vídeo inúteis do YouTube após vídeo inútil do YouTube, me deparei com um título estranho na barra de vídeos relacionados. Nenhuma das letras estava no idioma inglês, no entanto, os formatos das letras se pareciam com palavras, embora eu não conseguisse decifrá-las. Curioso, eu cliquei no vídeo.

De repente, comecei a ouvir vários rangidos e gemidos vindos da minha casa. Rapidamente me virei e peguei um bastão de baseball que estava no canto do quarto, pronto pra uma batalha fatal. Para minha surpresa, não havia intrusos na casa, nem quaisquer sinais de uma entrada forçada. Todas as portas também estavam trancadas. Pensando que estava somente muito cansado, me virei e preguiçosamente caminhei de volta para o meu quarto.

Eu havia gastado muito dinheiro em uma conexão banda-larga, e fiquei surpreso ao perceber que o vídeo que eu tinha clicado antes, ainda não havia carregado. Impaciente, decidi atualizar a pagina mais umas quatro vezes, na esperança do vídeo carregar. Depois do que pareceu uma eternidade de espera, finalmente a página carregou. O fundo era preto e completamente escondia todo o texto, exceto pelo nome de usuário que colocara o vídeo, e a descrição, ambos em vermelho carmesim. O nome de usuário era "NightmareSLUMBER", e a descrição era a seguinte:

Mas que ignorância a sua.
Você não tem conhecimento da minha presença demoníaca em sua vida.
Vou destruir tudo pelo que você luta.
Covarde patético.
Eu sempre estive te observando.
E logo, você virá viver comigo...
Para sempre...

Pensando que isso era apenas uma idiotice de uma criança de 12 anos de idade, não prestei atenção no perigo em que eu estava me mentendo. O vídeo começou com uma imagem de um hospital mental abandonado (Mais tarde descobri que era o Hospital Denbigh). A imagem era de um corredor longo, escuro e esfarrapado, estendendo para além do campo visual do telespectador. A parede esquerda do corredor tinha janelas separadas por colunas. O corredor estava iluminado por um luar lúgubre, exceto pelas partes escurecidas pelas sombras das colunas. A escuridão do corredor era um negro profundo, algo que eu nunca tinha visto antes. Tive a impressão de que o hospital estava abandonado há muito tempo, e que nunca fora limpo.

No primeiro minuto de vídeo, tudo que mostrava era uma imagem do corredor. Não havia nenhum som, nem movimento. Em aproximadamente 1:13 de vídeo, notei um movimento lento e discreto no final do corredor. A “coisa” tinha uma postura humana, mas andava de uma maneira muito incomum, mais notavelmente com sua cabeça inclinada diretamente para o chão. A criatura acelerou firmemente a medida que o vídeo progredia, eventualmente chegando a correr em direção a tela. A criatura correu de cabeça na câmera, derrubando-a. Ao mesmo tempo, ouvi um estrondo muito forte na minha porta. Fora só uma pancada, e parecia que alguém tinha acabado de correr pra cima da porta.

Dei um pulo e peguei o bastão novamente, quando ouvi meu computador fazer um som de erro. O computador, de repente, entrou na “tela azul de erro”, dizendo que desligaria por motivos de segurança. A tela então começou a mostrar um relatório de erros, dizendo que um hacker desconhecido havia obtido informações sobre meu endereço. Meu programa antivírus ativou, e detectou o endereço de IP do hacker: ele morava em alguma cidade de Northern Wales (Escócia); especificamente, a invasão havia sido feita de um asilo mental abandonado.

Então, a energia da casa acabou. Neste ponto, eu estava extremamente assustado. Meus olhos encheram-se de lagrimas, enquanto minha respiração acelerava. Comecei a ouvir alguém gemendo de dor do lado de fora da porta. Eu sabia que sair pra ver era um erro, mas decidi ir assim mesmo. Quando olhei pelo olho mágico da porta, não havia ninguém do lado de fora. Porém, eu ainda podia ouvir o gemido. De maneira alguma eu abriria aquela porta.

Tive um ataque de pânico e imediatamente tentei entrar em contato com a polícia local, no entanto, simplesmente dava ocupado, tanto no telefone fixo como em meu celular. Corri de volta para o meu computador para ver se eu conseguia ligá-lo a um gerador e pedir ajuda desta forma, quando notei que a tela do computador ainda estava ligada. Em um texto vermelho gigante, por cima do fundo preto, somente dizia: "Vá Dormir".

Um grito penetrante ecoou em seguida. Parecia que alguém estava morrendo. Corri para a cozinha, e tirei duas facas de uma gaveta. Isso foi real. Isso realmente estava acontecendo. Os gritos ficaram mais altos e mais desesperados. Sob os gritos, comecei a ouvir uma estranha risada fraca, histérica.

Corri desesperado pela casa tentando descobrir o que estava acontecendo. Então, ouvi um choro vindo de um armário próximo ao meu quarto. Minha pele gelou, quando agarrei a maçaneta. Ela gelara com o toque. Eu deveria ter dito alguma coisa antes de abrir a porta, mas não tive o bom senso de fazer isso. Abri estrondosamente a porta, somente para ver uma garota muito jovem, morta e ensangüentada, amassada em uma pilha de roupas no meu armário.

Seu estômago havia sido rasgado, e suas entranhas arrancadas. Ela estava completamente nua, e coberta de sangue. A parede, então, fora iluminada com uma luz vermelha. Percebi que algo estava escrito com sangue na parede.

"Você deveria ter ouvido meu aviso. Hora de ir dormir."

Nisso eu me virei, e atrás de mim, me deparei com a figura no vídeo, cabisbaixo e tudo mais. Eu congelei de medo. Com um movimento brusco, quase como se eu estivesse assistindo a um vídeo que tinha pulado alguns quadros, a figura girou sua cabeça e olhou para mim. Depois disso, tudo ficou escuro.

Nota do detetive: O corpo da vítima fora encontrado em um estado semelhante ao da jovem garota no armário. Apesar de vários exames de sangue, não foi possível identificar a menina. Na verdade, devido à falta de relatório de uma pessoa desaparecida, o fato de que ninguém se apresentou para descobrir seu paradeiro ou tentar resolver o caso do assassinato, e já que nenhum dos testes de sangue que efetuamos deu resultado, parecia que a menina nunca existira. Ainda não confirmamos que a “invasão” veio do hospital mental abandonado; no entanto, não há nenhuma explicação sobre a maneira que estas invasões foram programadas em horários tão próximos. Emitimos um mandado de prisão, mas nenhum policial quer entrar nas ruínas da casa, temendo por suas vidas. A única informação que temos, é de uma testemunha que afirma ter visto uma criatura extremamente incomum e assustadora correndo para dentro de um hospital alguns dias depois. De acordo com o depoimento da testemunha, percebemos uma semelhança chocante entre o rosto do “habitante” do hospital mental, e a imagem a seguir, retirada de um site cheio de histórias de terror, com as palavras "Vá dormir" legendadas por cima.


Inúmeros assassinatos como este vem ocorrido desde então, e as vitimas tinham algo em comum: todas elas haviam assistido ao vídeo, alguns minutos antes do homicídio ter sido cometido. Funcionários do YouTube tem tentado remover aquele vídeo, no entanto, cada moderador que tenta acaba sendo brutalmente assassinado. O caso permanece sem solução."

2º Nota do detetive: Depois de mais algumas pesquisas sobre o caso, algumas descobertas foram feitas. Primeiramente, embora eu tenha sido incapaz de encontrar a origem do vídeo, testemunhas das ultimas vítimas do assassino em série forneceram provas suficientes para apontar a imagem utilizada como fundo do vídeo. Embora esta seja uma imagem JPEG e, portanto, uma imagem fixa, havia rumores de que, se você olhar para a imagem durante um tempo, ela começaria a se contorcer. Continue olhando, e você pode ver uma criatura começar a correr em direção à câmera. Ninguém nunca viu a imagem tempo o suficiente para ver a criatura chegar perto da câmera, mas a evidência visual é suficiente para firmar que o assassino é a mesma pessoa que aparece no vídeo0.

Além disso, fui a busca de mais informações sobre o assassino. Para meu horror, encontrei varias notícias on-line sobre um tal de "Jeff, O Assassino". As histórias falam sobre um serial killer que, desenvolvendo suas tendências psicopatas ainda no início de sua adolescência, acabou matando todos em sua família. O aspecto mais chocante da história é que Jeff matava suas vítimas da mesma maneira brutal que os assassinos internados do Hospital Mental Denbigh, chegando até mesmo ao ponto de dizer para as vitimas "IREM DORMIR", antes de assassiná-las. O aspecto mais assustador, porém, é que a imagem fornecida de Jeff, é exatamente a mesma imagem fornecida por testemunhas do assassino do Asilo Denbigh, levando os investigadores a acreditarem que eles realmente são a mesma pessoa. Para ler mais, basta pesquisar "Jeff, O Assassino" na internet e ler por sua conta e risco.

O fato mais terrível de tudo, porém, está na minha experiência pessoal. Depois de escrever este relatório, comecei a ouvir sons estranhos em toda minha casa. Imaginando não ser nada demais, continuei fazendo minha pesquisa sobre Jeff. Os ruídos ficaram cada vez mais altos. Procurei do lado de fora, pensando ser um pássaro ferido. Quando voltei pra casa pela minha porta, no entanto, notei movimento na janela. Eu imediatamente tentei ligar para os reforços policiais, mas dava sinal de ocupado. Preocupado, desliguei o telefone e olhei para a porta, somente para ver Jeff, olhando diretamente para mim com aqueles olhos frios e mortos, e seu rosto horrivelmente desfigurado. Seu sorriso era a coisa mais estranha que eu já vi em toda minha vida. Então, imediatamente carreguei minha arma e comecei a atirar. Jeff desapareceu no meio da noite.

Sei que estou em perigo, por isso coloquei vigilância constante em volta de minha casa para me proteger. Eu ainda vejo flashes brilhantes de luz e escuto fortes batidas ao redor de minha casa, junto com um riso horrível e malicioso, dos quais apenas um serial killer psicótico poderia reproduzir. Talvez seja só minha imaginação. Não sei por quanto tempo passarei por isso até conseguirmos pegá-lo, mas, se ele continuar com essas aparições, então provavelmente teremos uma confirmação de sua identidade exata. Sinto que estamos muito perto de capturá-lo, porque eu continuo a ouvir risadas e sons que crescem ao longo dos dias, e no momento em que escrevo isto, estou à beira do desespero. Estou tentando me comunicar com a estação policial pelo rádio, mas ele simplesmente parou de funcionar. Vejo uma luz se aproximando, mas estou com minha arma carregada, e pronta. É ele, eu sei disso. Posso ver o seu rosto. Agora é hora ded
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Olá a todos. Meu nome é Jeff. Não gosto que esta história esteja sendo publicado, mas tudo bem. Não é como se qualquer um de vocês fosse capturar um demônio de meu nível. O detetive está morto. As pesquisas estão terminadas. E isso tudo é hilário, porque ao ver este documento, eu registrei cada um de seus endereços IP, e agora sei exatamente onde você está. João, vou pegar você primeiro.

Vocês não estão mais seguros. Heh. Hahahaha! AHAHAHAHHH!

Eu acho melhor você ir dormir :) Estarei por ai em breve.

Atenciosamente,
Jeffrey, O Assassino.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Unhas


Há um ou dois anos atrás, comecei a notar uma coisa muito estranha acontecendo com meu carro; uma superstição, ou como você quiser chamá-lo. Quando eu estava no banco do motorista, sempre verificava se havia alguém nos bancos de trás, embora apenas à noite (meu trabalho normalmente terminava em diferentes horas da noite). Muitas pessoas fazem isso, provavelmente por causa de histórias como "O Gancho", aquela sobre o motorista de caminhão piscando suas luzes para uma mulher desconhecida, sem motivo alguem. Mas, eu tinha uma boa razão para isso, e, assim como as lendas, tudo começou com uma história.

De volta quando eu estava no grupo de escoteiros, todas as crianças contavam lendas urbanas, tentando assustar os nossos amigos. Mas as melhores histórias vinham de nossos pais. Talvez porque os ouvimos mais atenciosamente, ou porque eles estiveram vivos por tempo o suficiente para saber como cativar um público. Ou, pode ter sido porque sempre havia alguma verdade (mesmo que às vezes somente uma pequena pitada de verdade), para fazer com que tudo aquilo soasse muito real para crianças como nós.

Eu me lembro de uma vez que estávamos acampados muito tarde na floresta. Minha tropa estava se preparando para uma "corrida de revezamento de inverno." Foi somente depois que eles nos disseram para irmos pra cama, que eu abri meu saco de dormir apenas o suficiente para ouvir o que o meu pai estava dizendo para os pais de meus colegas escoteiros. A história se passava quando meu pai ainda trabalhava no Hospital Beth Israel, na década de setenta. Ele estava contando sobre uma sala de queimaduras que havia lá; ele se lembra de ter visto algumas celebridades por lá, famosos até mesmo fora da área de Boston. Ele descreveu que, quando sua pele arde no fogo, ela deixa de agir como pele, e passa a agir mais como uma espécie se “substância cerâmica”. A parte mais assustadora era olhar as fotos das vítimas da maneira como eles eram antes, e como haviam ficado depois das queimaduras. Era especialmente assustador olhar para as celebridades quando você já sabia suas aparências anteriores às queimaduras.

Meu pai só falava sobre aquela sala de queimaduras com os outros pais. Eu nunca ousei perguntar a ele, com medo de talvez levar um tapa na cabeça por ficar acordado até tarde. De qualquer maneira, todos nós ficávamos até tarde para ouvir as histórias mais assustadoras de todos eles. Havia três atributos dessas histórias que eu me lembro: Primeiro, ele só contava as histórias da sala de queimaduras quando estava frio (aquele frio comum da Nova Inglaterra, onde você podia sentir o cheiro da neve que vinha). Frio o suficiente para ver nossas respirações, mas não a ponto de precisarmos cancelar nossos acampamentos. Em segundo lugar, os olhos dos pacientes, o que a maioria das pessoas não pensam. Para elas, os olhos são basicamente “colados”, pela pele que escorre para fora e se reconstrói na base das pálpebras. Às vezes, os médicos tentam erguer as pálpebras para abri-las, mas na maioria das vezes, seus olhos literalmente “explodem”.

E a terceira coisa que meu pai mais conseguia lembrar, não era o cabelo ou os olhos, mas sim suas unhas. Suas mãos eram as únicas coisas que ele tinha que tocar, na distribuição de medicamentos. A verdade, é que as células que formam as unhas nunca são reformadas corretamente depois de estar sob calor o suficiente para dar queimaduras de terceiro grau em todo o corpo, mesmo depois de se curar. A integridade das unhas fica fraca e frágil, mesmo depois de anos e anos da recuperação do resto do corpo da vítima. Meu pai disse que quando ele limpava a sala, ele encontrava dezenas e centenas de unhas quebradiças que compunham o lixo no chão.

Agora, de volta à minha superstição antes de começar a explicar minha história. Ultimamente, tenho encontrado unhas nos meus bancos traseiros mais e mais vezes. As unhas, obviamente, vinham de um ser humano, mas tinha certeza de que não vinham de mim. A primeira coisa que eu pensei foram meus clientes; tenho trabalhado em uma facilidade para idosos há cerca de dois meses, e às vezes eu tinha que levar meus clientes no meu carro. No começo, pensei que eles provavelmente estariam agindo preguiçosamente e não os jogando fora, ou simplesmente queriam deixar uma bagunça nojenta como um meio de conseguir um aumento infantil das pessoas.

Isto é, até o dia em que fui pouco cuidadoso, e vi alguém tentando abrir a porta de trás do carro. Estava escuro, e quando gritei para ele, ele olhou para mim e imediatamente fugiu em direção a floresta. Eu gostaria de poder dizer que não consegui dar uma boa olhada em seu rosto. Afinal, foi isso que eu disse para a polícia quando contei sobre a invasão. Mas eu vi o seu rosto, se é que você poderia chamá-lo de rosto. É difícil explicar agora, apesar de conseguir vê-lo claramente em minha cabeça. O rosto não é difícil de descrever por causa de meu medo na hora, mas sim, por causa das graves queimaduras no homem.

Ele não tinha orelhas, nem olhos, nada além de uma boca aberta, uma boca que parecia desproporcionalmente grande para o resto de sua cabeça, provavelmente porque era a única coisa que dava algum contexto natural ao homem (ou coisa). Apesar disso, a boca era o suficiente para expressar o medo do homem; o medo, ao tomar conhecimento que eu havia interrompido seus planos. Todo mundo já ouviu essas histórias assustadoras sobre o homem com um gancho, ou sobre o motorista do caminhão piscando suas luzes sem motivo aparente. Essas histórias ainda se espalham para todas as novas gerações de motoristas. Antes deste incidente, eu provavelmente riria delas, assim como você. Não precisa necessariamente de um homem com uma faca para fazer com que alguma pessoa comece a olhar atrás de suas costas, assustada. No meu caso, só me bastou uma visita à ala de queimados do Hospital Beth Israel, quando descobri que muitos pacientes estavam desaparecidos...

Cuidado com as unhas.

Não faça perguntas que você não queira saber a resposta


Você sabe que nós estamos aqui. Somos a presença que força você a correr escadas a baixo como se os degraus fossem feitos de carvão quente. Somos a coisa que impede você de se virar para olhar para trás quando está andando em um beco escuro. Somos a coisa que faz você se esconder debaixo de seus cobertores. Achamos inútil. Poderíamos arrancar eles de suas fracas e amedrontadas mãos se quiséssemos, mas não queremos. Não agora. Se você continuar a fugir de nós, como deve fazer, nós não sentiremos a necessidade de pegar você. Ao menos não agora, de qualquer jeito. Mas se nos confrontar, tentar ser amigável ou qualquer coisa assim, vai ser arrepender profundamente. A única coisa que nos mantém sem querer pegar você é que nos divertimos brincando com você.

Se você tentar qualquer coisa estúpida como andar devagar pelos becos escuros com sua cabeça esticada procurando por algo, iremos encontrá-lo. E as pessoas que acharem seu corpo terão sorte se conseguirem algo que possam usar para lhe identificar.

Porém se você tentar algo a mais, algo mais arriscado, algo talvez como Jogo do copo, nós não precisaremos lhe achar. Pois coisas bem pior do que nós, com grandes olhos vermelhos brilhantes, vão pegá-los. Se lembra daquele caso de certa pessoa que sumiu após jogar e que a polícia disse ter fugido, depois disse ter ela como desaparecida e anos depois não acharam nem o corpo nem a pessoa? As criaturas que pegaram ela não mostraram tanta misericórdia como nós mostramos, e como poderiam? Estariam ocupados demais, pegando os pedaços quentes e grudentos de sua carne dos dentes deles.

Então da próxima vez que você ficar rebelde demais, não fique. Se ficar, reze para que nós o encontremos, e não as criaturas piores que nós. Coisas além de seus piores pesadelos, coisas que vão perseguí-lo em seus sonhos mais doces.

Então não nos procure.

Nem procure eles.

E pare de olhar debaixo da sua cama. Ou de olhar no armário. Por último, pare de abrir a porta ou a cortina do banheiro para se sentir mais seguro. Porque, certa vez, quando você o fizer, alguém estará lá. E eles não serão amigáveis. Você gostaria de saber o que eles estão fazendo ali, ou o que eles são.

Mas acredite em mim, eu fui uma vítima dessa ignorância. Você nunca deve perguntar perguntas as quais não quer saber as respostas. É isso mesmo. Joguei um joguinho. Perguntei algo que não queria saber a resposta, no fim das contas. E agora não é mais um joguinho, agora é vida. Agora estou preso para sempre. Dentro do mundo dos meus assassinos. Mas veja, eu não morri, eu estou aqui. Estou observando, Esperando. Apenas esperando para lhe puxar para dentro deste abismo no qual minha alma reside. Então apresse-se agora, porque a este ponto você já sabe demais, e eles já devem estar em sua casa. Olhando. Esperando. E na próxima vez que olhar procurando por eles ou por nós, não vamos nos esconder.

E lembre-se sempre: Não faça perguntas as quais não quer saber a resposta.

domingo, 19 de agosto de 2012

GhostHouse.exe


Um dia, quando estava na página inicial do site Clickteam, eu estava dando uma olhada na seção de jogos em exibição, e nisso, encontrei um jogo chamado "Ghosthouse". Ele era o 1º lugar na lista de jogos do mês, então decidi experimentá-lo. O estranho é que a imagem abaixo do título do jogo não carregou. Eu atualizei a página, mas ainda assim ela não carregava. Tentei usar o Google Chrome (eu estava usando o Internet Explorer, anteriormente), e a imagem ainda não fora carregada. Com isso, simplesmente presumi que eles não tinham uma imagem para o jogo.

Ao clicar no link de download, ele veio com uma caixa de diálogo com apenas um arquivo executável chamado "GhostHouse.exe." Era o único arquivo que precisava ser baixado, e com isso em mente, eu baixei o jogo em meu disco rígido. Assim que o download terminou, o som de confirmação de download (DING!) fora substituído com o som de erro ou corrupção. Verifiquei o arquivo, mas ele estava lá em meu desktop; nada de errado com ele.

Eu queria muito jogar aquele jogo, mas precisava ir tomar conta da filha de minha tia Becky (o que significava que eu também tinha que ficar de olhos nas suas sobrinhas, Jessie e Carlos, yay), então transferi o arquivo para um CD-RW e levei-o comigo. Poucos minutos depois de ficar confortável em sua casa, eu entrei em seu quarto, e coloquei o CD no computador. Carlos queria saber o que eu estava fazendo, e eu disse a ele que estava prestes a instalar um jogo. Ele perguntou se podia assistir, e eu disse que tudo bem. Quando a pasta do CD carregou, cliquei duas vezes no ícone do jogo, e comecei a jogá-lo.

Foi ai que as coisas começaram a ficar estranhas. Alguns segundos depois que eu cliquei no ícone, a tela começou a piscar. Em seguida, o título do jogo apareceu. Não havia nenhuma introdução, nenhum logotipo de inicialização, nada; simplesmente fui levado direto para a tela de título. Havia apenas três opções - Novo Jogo, Carregar Jogo, e Opções. Dei uma olhada nas Opções, e havia apenas três configurações lá: Música, Som e Sair. As caixas de som de lá não funcionavam, então a única coisa que eu podia fazer era Sair. A opção Carregar parecia não funcionar. Pelo menos, ainda sobrava uma ultima opção... Novo Jogo. Apertei a Barra de Espaço, e fui colocado direto no jogo, sem nenhuma história ou enredo para me explicar o que estava acontecendo.

A jogabilidade era apenas um jogo de tiro em primeira pessoa, onde você tinha que eliminar todos os fantasmas e escapar de lá vivo. Havia somente um contador de fantasmas e uma barra de vida. Quanto aos gráficos, eles eram em preto-e-branco, mas em 3D (3D real, não igual ao jogo Wolfenstein 3D). Parecia com gráficos que você normalmente veria em um jogo de Playstation 1. Não havia realmente muito mais a dizer sobre ele... exceto por uma única sala. Ela estava infestada por fantasmas, provavelmente de uns 8 a 12 fantasmas. Eu estava apanhando pra caralho lá dentro; minha barra de vida diminuía cada vez mais a cada segundo. Pouco tempo depois, eu estava morto. Um texto, dizendo "GaME OvEr", em uma fonte sangrenta e quase ilegível. Em seguida, o computador me deu uma tela azul de erro. Porém, não havia nenhum texto branco sobre ela, apenas uma tela azul brilhante e sem vida. Fiquei revoltado, e decidi desligar o computador.

Mas antes de fazer isso, Carlos me disse para olhar para a tela. Havia ficado tudo escuro, e eu podia ouvir um som de baixa freqüência zumbindo do computador... Mas isso não era possível, já que as caixas de som não estavam funcionando. Em seguida, na tela, vimos uma foto do rosto de alguém, mas a foto fora imediatamente quebrada em pedaços e espalhada por toda a tela. O zumbido ficou mais alto, o que fez com que pulássemos de susto. O computador fez isso mais umas três vezes, antes do fim deste "vídeo". Ele mostrou um texto branco, somente dizendo: "NADA FORA ENCONTRADO". Pensando no rosto que aparecera, ele se parecia um pouco com o rosto da Jessie, mas era difícil de dizer. Eu e Carlos nos olhamos por alguns segundos, antes de irmos para o outro quarto, chocados.

Algumas semanas depois, recebi um telefonema da casa da tia Becky. Mas quando atendi ao telefone, tudo que eu podia ouvir era alguém dizendo algo parecido com: "RED...ED...R-UM...". Parecia muito com a voz de Carlos. Assustado, fui para a casa deles o mais rápido possível (eles moravam a poucas quadras de distância de mim, então não era uma viagem muito longa). Assim que cheguei lá e chamei as crianças, ninguém respondeu. Aparentemente, não havia ninguém na casa. A TV estava ligada, mas sem sinal e com um barulho horrível de chiado. Aquilo me deixou assustado, mas infelizmente criei coragem, e fui direto para a sala de jantar... Lá dentro, encontrei Jessie, deitada no chão, e com seu rosto literalmente mutilado. Eu conseguia ver os ossos por baixo de sua carne. No chão, ao lado dela, estavam pedaços de sua pele, colocados em uma pilha. Logo depois de ver aquilo, de repente, o computador começou a fazer um barulho extremamente alto, e em seguida, deu um pipoco, e aparentemente queimou. Aquilo tudo fez com que eu quase me cagasse nas calças. Depois disso, fui correndo chamar a polícia.

Liguei para o 190, e eles imediatamente chegaram lá. Eu estava esperando do lado de fora, e quando eles chegaram, corri direto para o policial, dizendo-lhe o que havia acontecido. Eles correram para dentro, revistaram a casa toda, mas não encontraram nada. Ele então me avisou para nunca mais pregar uma pegadinha daquelas novamente, ou eu estaria em apuros.  Enquanto eles iam embora da casa de Becky, eu me perguntava: "O que eles queriam dizer com ‘não encontraram nada lá dentro?’". Voltei lá pra dentro, e para minha surpresa, todo mundo estava na sala de estar, exceto Jessie. Perguntei onde ela estava, e Becky simplesmente respondeu: "Não sei, me diga você, eu não a vejo desde a noite que você veio cuidar das crianças.”

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Doce Dacy


Ela me parou e começou a contar:

“Eu era nova na vizinhança e tinha me divorciado recentemente. Enquanto eu terminava de desempacotar as coisas da mudança, minha filha de sete anos brincava no pátio. Eu tinha acabado de me mudar para um casebre em uma cidadezinha deserta.  Não tinha uma vizinhança muito... Próxima... Isso se é que eu possa dizer que existia uma vizinhança... A distancia de uma casa para outra era grande.

Ao entardecer eu já tinha acabado de desempacotar as coisas da mudança , então, chamei minha filha pra dentro. Ela apareceu com um sorriso reluzente estampado no rosto e estava histericamente feliz. Os lindos olhos verdes brilhavam de tanta felicidade. Ela me disse que uma senhora muito velha havia passado e tinha lhe presenteado com uma boneca. Ela me mostrou a boneca e não era uma coisa tão ruim. A boneca era encantadora. Ela tinha cabelos ruivos, lisos, longos até a cintura. Suas mãos tinham uma textura tão... agradável... Sua pele era alva, macia, sedosa.  A boneca era linda, porém, eu não pude deixar de notar que faltavam algumas partes no corpo da boneca, ela não tinha dedos nos pés, nem dentes, mas o mais notável para mim: Ela não possuía olhos.”

— Moça, eu não tenho tempo para ouvir histórias. Se não se importa, tenho que ir trabalhar. —Interrompi a moça.
A moça pediu-me um pouco mais de atenção e disse que não gastaria muito meu tempo. Então sentei-me na calçada, ao lado da moça que havia me parado no meio do caminho do meu trabalho e ela continuou com sua história:

“—Dacy! — Disse minha filha — O nome dela é Dacy! Foi a velha que me disse.
—Então vá por a Dacy no sofá. Está na hora de tomar banho.
Minha filha pôs a boneca no sofá, em frente à TV e foi tomar banho no andar de cima. Enquanto eu preparava o jantar ouvi minha filha gritar no andar de cima. Larguei tudo o que eu estava fazendo e corri desesperada em direção ao banheiro. Quando cheguei lá minha filha estava encolhida no canto e apontando para a parede.
— UMA ARANHA!!! Mata, mãe, por favor!
Eu matei a aranha e acalmei minha filha, deixei ela no banheiro pra terminar o banho e desci para terminar a janta. Quando cheguei à cozinha tudo estava como eu havia deixado, exceto a boneca que estava jogava no chão próxima à geladeira e havia uma faca no chão próxima à boneca. Ignorei. Tudo ocorreu normalmente no resto do dia. Na hora de dormir eu pus minha filha na cama e a boneca ao lado dela e fui pro meu quarto. Minutos depois de eu ter deitado, pude ouvir risadas vindo do quarto de minha filha. Levantei-me e fui ver o que estava acontecendo. Ao me aproximar do quarto, pude ouvir minha filha agradecer. Ela simplesmente disse “Obrigada”. Chegando ao quarto de minha filha, eu a vi sentada no chão em frente à boneca.
— A Dacy disse que meus olhos são lindos, mamãe.
— Oras filha... Ela nem tem olhos... Como ela poderia te enxergar?
— Não sei. Ela só disse...
Coloquei minha filha na cama e a boneca junto a ela.  Durante a madrugada fui acordada por uma voz doce:
— Posso dormir com você? Tive um pesadelo.
— Tá bem.
Senti suas pequenas e frias mãos em minha perna, subindo pela cama. Ela pôs-se abaixo dos lençóis, deitou-se atrás de mim e me abraçou.
Quando eu acordei, eu estava sozinha na cama. Fui checar no quarto dela. Ela estava deitada em sua cama e a boneca estava jogada ao chão. Deixei minha filha na cama, dormindo, e saí pra comprar coisas pro café da manhã. Não havia problema em deixá-la sozinha, pelo menos era o que eu achava. Quando eu voltei, minha filha estava na cozinha com uma faca apontada pro seu olho.
— FILHA!—Berrei enquanto corria pra tirar a faca das mãos dela e a abraçava— O QUE ESTÁ TENTANDO FAZER???
— A Dacy. Ela pediu meus olhos emprestados. Mas tudo bem. Ela vai me devolver depois.”

—Espera, senhora... Isso é verdade?— Eu estava cada vez mais intrigado
—Calma, deixe-me terminar. —Disse a senhora. — “ Eu peguei a boneca furiosamente e a joguei na lixeira em frente à minha casa. Nesse momento uma senhora muito velha passou e disse:
—Dacy não gosta de ser ignorada.
Ela não disse mais nada, apenas caminhou até desaparecer entre a névoa matinal que cobrira aquele lugar. 
Durante a noite eu acordei com som de passos pela casa. Os pisos de madeira rangiam e os passos quebravam o silêncio da madrugada com um eco que percorria todo o andar de cima. Levantei-me para checar e os sons dos passos sumiram. Quando fui ao quarto de minha filha elas estavam lá sentadas na cama.
—MAS O QUE DIABOS ELA ESTÁ FAZENDO AQUI? PORQUE VOCÊ A TROUXE DE VOLTA? — Reclamei com minha filha.
—Não fui eu, mãe. Não fui eu.
Nossa, que clichê. Quão burra sou eu ao ponto de deixar de acreditar em minha filha? Eu apenas a deixei no quarto com a maldita boneca e fui dormir. Na mesma madrugada, pouco mais tarde, fui acordada por uma voz doce:
—Posso dormir com você? Tive um pesadelo.
Eu já estava morta de sono, e sem nem pensar, respondi:
— Claro.
Ela, da mesma forma, deitou-se atrás de mim, abraçando-me. Quando acordei, eu estava sozinha na cama novamente. Era sexta feira e minha filha iria passar o final de semana com o pai. Logo após o café da manhã eu a levei para a estação ferroviária e voltei pra casa.
Eu estava incomodada. Aquela aberração estava ali. Sentada no sofá, como se estivesse me monitorando. O fato d’ela não ter olhos me agonizava.  Só de olhá-la já me provocava calafrios. Eu tinha que ver o que havia de errado com aquela boneca. Minha curiosidade era imensa. Peguei a boneca, carreguei-a. Ela era mais pesada do que eu pensava. Acho que a raiva não me deixou perceber seu peso na primeira vez que a carreguei.  Os orifícios onde deveriam estar os olhos eram profundos. Grandes buracos profundos e de cor vermelha, e por dentro, parecia ser... carne...”
—Mas era uma boneca, minha senhora! — Exclamei confuso
—Deixe-me terminar. — Disse a velha.
“ Resolvi procurar mais bizarrices. Virando e revirando as camadas e mais camadas de seu vestido. Pareciam aquelas roupas das mulheres de época. Na perna esquerda tinha uma mancha na pele, similar a um sinal de nascença de uma sobrinha minha que faleceu ainda criança. Até hoje não sei o motivo de sua morte. Ao subir mais a minha mão por debaixo do vestido, senti um pequeno volume na área da virilha. Subi o vestido dela, eu estava espantada, era uma cicatriz enorme que a rodeava toda a perna. Eu larguei a boneca no chão imediatamente e dei as costas. Ouvi um ruído e quando virei para checar, a boneca já não estava mais lá. Ouvi um grito de pavor e medo vindo do andar de cima. Fiquei na sala, tentei me distrair, ouvi musicas, assisti TV, mas nada tirou minha mente da maldita boneca.
Eu subi as escadas e fui em direção ao meu quarto. Eu estava morta de sono e precisava dormir. Antes de me deitar, procurei pela boneca. Assustei-me ao vê-la sentada na cama de minha filha. Tranquei a porta do quarto de minha filha e fui dormir.
Durante a madrugada, fui acordada por uma voz doce:
—Posso dormir com você? Tive um pesadelo. ”

—ESPERA SENHORA! — Interrompi a velha — Mas sua filha não estava com o pai?
—Pois é, meu jovem... Foi tarde demais quando eu notei isso...
“Ela subiu em minha cama e deitou-se atrás de mim, abraçando-me. Quando me dei conta do que estava acontecendo, pulei da cama, gritando, horrorizada, saí de meu quarto correndo e ao olhar pra trás só pude ver a maldita boneca sorrindo. Eu saí de casa desesperada. Passei a noite na estação ferroviária, sem dormir. Aquela estação deserta, escura e imunda era mais segura do que minha casa com aquele monstro lá dentro.
Pela manhã meu celular tocou. Era meu ex-marido:
— Oi. Sou eu. É que ocorreu um imprevisto e eu não poderei ficar com nossa filha nesse final de semana. Onde você está? Eu já estou em sua casa.
— Eu estou na estação há um bom tempo. Como agente não se viu aqui?
—Eu vim de carro cm um amigo meu. Olha, eu estou atrasado pro meu compromisso. Posso deixar nossa filha aqui com a amiguinha dela te esperando?
Eu já estava aflita e não conseguia mais pensar em nada. Minha alma tremeu quando ele falou isso... Minha filha não tinha nenhuma amiga naquela cidade.
—Amiguinha? Que amiguinha? — Perguntei quase entrando em desespero.
— É uma ruivinha, do tamanho dela. Ela usa umas roupas meio estranhas, tipo de época... Engraçado... Ela ta usando uns óculos-escuros igual ao que eu te dei no verão retrasado.
—SAIA DAÍ COM A NOSSA FILHA AGORA!
Eu larguei o celular e corri o mais rápido que pude em direção a minha casa. Embora, quando cheguei foi tarde demais. Meu ex-marido estava morto, ensanguentado, Minha filha, próxima à cozinha, no chão, ensanguentada e seus olhos haviam sido arrancados. A boneca, bem... Ela não estava mais lá. ”
— Chega, senhora. — Interrompi novamente a velha que me contava a história — É demais pra mim.
— Tudo bem. Pode ir. Desculpe o incômodo.
Eu fiquei um pouco nervoso e perturbado sobre a história que a senhora havia me contado. Resolvi ir pra casa. Eu não estava com mente pra trabalhar... Quando cheguei em casa, minha filha correu em minha direção. Ela tinha uma boneca em mãos. A boneca era encantadora. Cabelos ruivos, lisos longos até a cintura, pareciam ser reais. Sua pele era alva, macia, sedosa. Ela tinha um lindo par de olhos verdes que brilhavam. A boneca era linda, porém eu não pude deixar de notar que lhe faltava algumas partes no corpo. Mas o mais notável, pra mim, ela não tinha dentes.
—Foi uma velha que me deu essa boneca. Ela disse que o nome da boneca é Dacy.

Besouro


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Caso Psicótico - Distúrbio mental violento - Nº: 318
Registrado Na 16ª D.P de SP, São Paulo, Vila Clementino para transferência do detento de solitária para sanatório mais próximo e mais rápido o possível. Detento com tendências suicidas. Segue anexado em documento informações e registros.

Nome: Aldo Pereira Coutinho
Idade: 18
Nível do Distúrbio: Grave

Registro digitado a partir do relato gravado em áudio da parte do paciente, para futuros estudos:

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"Meu nome é Aldo. 18 anos. Não sei se devia ou não estar aqui, não faço idéia mesmo. Sei que me deixaram com essa merda de gravador ligado e me disseram pra contar o que aconteceu. Não sei de mais nada, sinceramente, se mereço ou se quer estar vivo, mas por falta do que fazer, ou falta de opção, vou contar o que me lembro dessa merda toda.

Começou do jeito mais comum o possível, algo que me parecia idiota a princípio provou ser bem mais sério do que eu imaginava. Voltava do jogo de futebol com o pessoal, e quando passamos perto dos arbustos do caminho, ouvi muitos sons de grilos, besouros, insetos em geral. E vi vários, também. Haviam muitos para ser normal. Tomei um puta de um susto e pulei para trás, mas ainda assim um veio voando na minha direção, um besouro verde escuro, do tamanho de uma bola de gude.

Me debati e esperniei, acertei quase todo mundo com socos e pontapés pra me livrar do besouro, mas ainda assim o filho da puta sumiu da minha visão sem ser morto. Ainda ouvia o barulho dele, mesmo com todos gritando e perguntando se tinha enlouquecido. Me acalmei aos poucos e fui me levantando, me apoiando no chão, quando olhei para minha mão no asfalto e vi um relevo, do tamanho de uma bola de gude, por debaixo da minha pele.

Gritei, sacudi a mão e tampei o relevo. Ofeguei e relutei até tirar a mão de cima, mas quando o fiz, estava tudo bem. Nenhum sinal de caroço absurdo sob a pele. Só uma sensação incômoda de algo estar errado. Todo mundo me encarando estranho e rindo de mim. No caminho de volta até minha casa, vim conversando e citei o arbusto cheio de insetos. Ninguém mais tinha visto nem ouvido inseto algum. Ri. Não sei de que, mas ri. Resolvi só esquecer.

Fui tomar meu banho, bem mais tranquilo, quando notei que meu nariz sangrava. Fiquei muito assustado e sem entender direito a situação. Num instinto, fiquei olhando para o sangue, sem saber o que fazer. Então começou o inferno. Um zumbido, bem baixo, daqueles que moscas, mosquitos ou pernilongos fazem quando passam perto do seu ouvido. Agoniante. Esbofetiei meus ouvidos para afastar seja lá o que fosse, mas não sumia. O som começou a aumentar.

Cai no chão do banheiro e comecei a chorar feito uma moça... Não sabia o que fazer, só doia em meus ouvidos e ficava cada vez mais alto. Comecei a gritar e me debater. Então vi mais uma vez. Na minha barriga, o relevo, o caroço, o maldito inseto por debaixo da minha pele. Em segundos me levantei, me debati e quebrei a porta de vidro do box, cortando meus dedos no processo, tentando me livrar do inseto que corria por debaixo da minha pele por todo meu corpo. Todo. Meu. Corpo. Quando comecei a vomitar por não aguentar mais ver aquilo, meu Pai já havia entrado no banheiro acompanhado de minha Mãe. Ela já chorava mesmo sem saber o que acontecia, por ter visto minhas mãos cheias de sangue e o box destruído... Meu Pai me conteve e me sentou na privada. Me perguntou que porra estava acontecendo. Chorei, chorei, engasguei e desmaiei.

Acordei em meu quarto, com curativos nas mãos e um médico saindo, apertando a mão do meu Pai e dizendo que ficaria tudo bem. Que havia sido apenas um ataque, talvez hormonal ou emocional. Relativamente comum entre jovens sob tanta pressão como eu provavelmente era...

Quando meu pai voltou para meu quarto e ouvi o barulho da ambulância indo embora, fingi dormir e esperei ele fechar a porta. Assim que ele saiu eu me levantei e procurei no meu corpo pelo maldito. Não achei em lugar algum, e também não ouvia o zumbido. Deveria estar tranquilo, mas o silêncio mortal daquela parte do bairro e o tic-tac do relógio só me agoniavam de modo estranho.

Deitei. Divaguei. Conversei comigo mesmo sobre minha situação. Não fazia o menor sentido. Andei pelo meu quarto e mexi nas minhas coisas. Relaxei, me senti melhor. Minhas mãos nem doíam tanto, só quando dobrava os nós dos dedos ou cerrava os punhos...

Me sentei na cama, bem mais relaxado depois de um dia tão estranho. Domingo. Ainda eram duas da tarde. Meu Pai entrou no quarto e eu logo disse que queria falar sobre o que aconteceu mais tarde, mas que estava tudo bem. Ele entendeu e me ofereceu um lanche. Aceitei, e em minutos ele voltou com uma bandeja, com pão, manteiga, queijo e suco. Agradeci e bebi o suco. Ele saiu do quarto. Olhei para a bandeja, respirei fundo e senti uma pontada no peito.

Me joguei para trás e vi o besouro debaixo da minha pele de novo. Agora não tinha mais medo dele. Tinha raiva. Ia matar ele. Vi ele descendo até perto da minha cintura, me joguei e peguei a faca de serra que veio com o pão e depois de pensar duas, três, quinze vezes, enfiei a faca no começo da minha virilha, bem rente ao maldito, que não se mexeu. Quando comecei a cortar a pele ao redor para tirar ele de mim, meu pai abriu a porta de novo.

'Puta que pariu, moleque!'. No susto, olhei para ele, e quando olhei de volta, o besouro havia sumido. Só havia um semi círculo na minha virilha e bastante sangue. 'Caralho, moleque, caralho!', gritou meu Pai. Olhei para ele com medo, não dele, e sim do que vi no rosto dele. Bem do lado do seu olho, o besouro. Entrou pela fresta do globo ocular e se fixou acima. Um calombo acima do olho do meu Pai. E ele não reagiu, parecia não sentir nada, sequer notar algo invadindo seu rosto. Não pensei duas vezes.

Voei com a faca no rosto do meu Pai, que esquivou, cortei um pouco de sua testa. Me desarmou com um soco, que logo devolvi, bem no meio do rosto, em cima do besouro. 'Agora você tá fudido, moleque'. E eu levei a maior surra da minha vida. Não conseguia encarar meu Pai enquanto apanhava. O besouro havia mudado ele, mudado seu rosto. Era como uma máscara vermelha com expressões exageradas... terrívelmente doentio.

Lembro de minha Mãe tentando conter ele e de desmaiar de novo.

Acordei preso com algemas e dentro de um cubículo preto. Com novos curativos. É... era uma solitária. Ouvi mais uma vez uma conversa, dessa vez, de um homem com minha Mãe. 'Precisamos manter ele aqui, senhora, enquanto a ambulância do sanatório não chega. É pela segurança de todos, principalmente, a dele mesmo'. Ouvi minha mãe chorar e seu choro se afastar nos corredores.

A mais ou menos uma hora atrás vieram me amarrar com cordas para evitar qualquer movimento. É... eu estive me jogando contra as paredes desde que ele voltou a aparecer sob minha pele. Podia escutar ele andar pelos meus músculos, tendões, juntas. Indiscritivelmente nojento.

Me amarram. Só posso observar e sentir enquanto eles rastejam sob minha pele. Sim, não é só mais um. Ele colocou... Colocou ovos debaixo da minha pele, e alguns já se abriram. Vários circulam pelo meu corpo e mais estão por vir, das dezenas de ovos que ele pôs...

...Acho que quero morrer...

...Por favor...

...Me matem..."

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Observações médicas adicionais: Série de hemorragias internas de caráter e origem desconhecidos. Paciente contorce o corpo em movimentos involuntários enquanto chora. Não dorme, não come, não urina ou defeca normalmente.

São Paulo, SP, 11/03/2011.


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Caso Psicótico - Distúrbio mental violento - Nº: 319
Registrado Na 16ª D.P de SP, São Paulo, Vila Clementino para transferência do detento de solitária para sanatório mais próximo e mais rápido o possível. Detento com tendências suicidas. Segue anexado em documento informações e registros.

Nome: Fernando Rael Nunes
Idade: 23
Nível do Distúrbio: Grave

Registro digitado a partir do relato gravado em áudio da parte do paciente, para...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Obra-Prima


Estou deitado a um bom tempo agora. São 5:35 da madrugada e não há muito que eu possa fazer. Sabe qual é a pior parte da minha situação? Estou no mesmo quarto que os meus pais. Eles não param de olhar pra mim e tudo que eu posso fazer é olhar de volta e tentar não gritar. É inevitável. Seus olhos estão focados em mim e suas bocas abertas. Também tem o cheiro forte de sangue e eu me sinto paralisado de medo.

Ali está a coisa. No segundo em que eu fizer qualquer sinal de não estar dormindo mais, estou totalmente fodido. Vou morrer e não há ninguém que por perto que possa me ajudar. Estive pensando em um jeito de sair daqui mas a única idéia que tive foi sair correndo pela porta e correr para fora pela porta da frente gritando por ajuda, esperando que meus vizinhos me escutassem. É arriscado, mas se eu ficar aqui, certamente morrerei. A coisa está esperando que eu acorde para que eu veja sua obra-prima.

Você deve estar se perguntando o que está acontecendo. Eu me antecipo as vezes.

A três horas atrás, ouvi algo gritando do lado de fora da casa. Me levantei para investigar o barulho, fui até a sala, olhei pelas janelas mas não vi nada. Fiquei observando tanto tempo que cochilei no sofá. Eu poderia ter morrido por essa idiotice que cometi. Quando subi as escadas para voltar ao meu quarto, havia sangue no corredor até a porta dos meus pais. Horrorizado, corri de volta ao meu quarto, me escondi de baixo dos meus cobertores como o covarde que sou. Tentei me convencer a dormir de novo, ou acordar, ou qualquer coisa assim, mas estava tentando me convencer de que não era real.

Então escutei a porta do meu quarto abrir. Sendo medroso como eu, olhei por debaixo do meu cobertor para ver o que estava acontecendo. Pude ver algo arrastando meus pais mortos para dentro do quarto. Não era humano, isso posso afirmar. Não tinha cabelo, nem, roupas ou qualquer coisa. Suas costas corcundas conforme ele arrastava meus pais. Andava como um homem-das-cavernas, mas era muito mais esperto do que qualquer um. Ele sabia o que estava fazendo.

Sentou meu pai na beirada da cama e virou o rosto dele para mim. Sentou minha mãe na cadeira perto do meu computador e fez ela olhar para mim. Então começou a passar a mãos nas paredes, sujando-as com sangue até desenhar um círculo com um pentagrama invertido nele. A coisa criou algo que ela gostaria de chamar obra-prima. Para finalizar, escreveu uma mensagem na parede a qual eu não podia ler devido a escuridão.

Então foi para de baixo da minha cama, esperando para atacar.

A coisa mais assustadora agora, é que meus olhos se acostumaram a escuridão após todo esse tempo, e eu posso ler a mensagem que ele escreveu na parede. Não quero olhar para ela. Porque é terrível só de pensar. Mas eu pressinto que preciso ler, antes de ser morto.

Espiei para a obra prima da criatura. Li a mensagem.

"Eu sei que você está acordado."