quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Desafio

Alguns de vocês já devem me conhecer de “A Mágica”. Para os demais acredito que essa seja a primeira vez que terão o prazer. Para os iniciantes, farei uma breve explicação para que entrem em sintonia com a coisa toda e como irá funcionar. Eu faço desafios às pessoas. Pequenos desafios para os corajosos, curiosos ou tolos tentarem. Se você participar dele todo até o final, então você vence. Mas se você for apenas ler as palavras como se estivesse lendo alguma velha história, você irá fracassar... e estará perdendo o seu tempo. Isso só vai funcionar se você fizer exatamente o que eu disser. Qualquer desapontamento que você tiver se ler mas não entrar no jogo será completamente atribuído a você. Eu mesmo te digo e evito que se aborreça – essa história não será assustadora se você não participar. Ela não vai te aterrorizar se você não entrar na brincadeira. Ela não vai te enlouquecer se você não lhe der a chance. De fato, ela vai te entediar. Em vez disso você pode ir ler a informação nutricional da sua caixa de cereal. Qualquer julgamento que fizer sobre a capacidade dessa história de te deixar paralisado é inválido se você não for corajoso o suficiente para tentar O Desafio. 

Eu tenho experiência nessas coisas, acredite em mim. Já vi tudo isso antes. Temos aqueles que, entusiasmados, baixaram “A Mágica” e que se sentiram ofendidos por não terem sido aterrorizados, mesmo não tendo seguido as instruções mais básicas. Reclamem suas putinhas! Então temos aqueles penetras, que folheiam o “Thirteen Volume Um” nas livrarias e bibliotecas, tão ansiosos para ver o motivo de tanta euforia que acabam perdendo o passeio. Quase todos estarão lendo da mesma cartilha: Quer que isso funcione? Entre na brincadeira e tente essa merda. Não importa se você tem dezesseis ou sessenta e seis anos; as regras se aplicam a todos igualmente. Isso não é para crianças, é para adultos, então se você se exclui de participar do desafio por algum tipo de complexo de senilidade auto-induzido então estou te dizendo, você está se iludindo amigo. Se envolva. Senão você irá fracassar. Estamos embarcando numa pequena viagem. Dessa vez, diferente de “AMágica”, você não precisa estar sozinho para que funcione. Quanto mais, melhor. Testemunhas são bem vindas. 

O Desafio Primeiro passo então: Preciso que você fale com um amigo ou dois. Você pode mostrar a eles essa história até esse ponto ou apenas comunicar a eles da seguinte maneira: Eu quero ver se sou corajoso o suficiente para tentar O Desafio. Vai ser bizarro. Eu queria que vocês viessem comigo. Isso vai levar somente o tempo de irmos até o cemitério mais próximo, não mais que dez minutos. 

Marque uma data e um horário para se encontrarem (de preferência no começo da noite). Então você, o instigador, deve preparar o seguinte para o segundo passo: Uma pequena bolsa/mochila... na qual irá colocar... Uma caixa de fósforos Um espelho pequeno Uma caneta Uma única folha de papel em branco Esse livro (NT:Thirteen Volume Dois) ou “O Desafio” impresso Assim que tiver colocado tudo na bolsa, vá até o cemitério e continue a ler a partir desse parágrafo apenas quando tiver chegado lá. Você pode filmar se quiser, para o caso das pessoas não acreditarem que você fez isso tudo até o final. Eu gosto de encorajar esse tipo de coisa... 

Interlúdio Daqui pra frente é que a brincadeira começa. Você chegou no cemitério? Isso é muito importante. Todos os seus convidados apareceram? Ah, muito bem! (Bom, eu realmente espero que você esteja no cemitério se estiver lendo isso e não sentado no seu quarto lendo no computador porque está assustado demais para tentar. Se for esse o caso, você deveria deixar pra lá. Isso não vai te levar a nada. Se o seu negócio é com quartos, tente “A Mágica”.) Ok, vamos continuar... 

Terceiro passo: Não se aborreça. Como organizador, diga ao seu pequeno grupo para se comportar da melhor maneira possível. Pessoas em luto sendo incomodadas logo fariam os funcionários do cemitério escoltarem vocês até a saída, e isso não é bom. Eu sei que os nervos estarão à flor da pele, e essa excitação vertiginosa pode facilmente levá-los à tolices, mas se acalme e certifique-se de que todos estejam focados e calmos também. Pessoas agindo como idiotas vão arruinar esse desafio, então mantenha as coisas sob controle. Quarto passo: Façam uma caminhada de uns cinco minutos (sozinhos, em pares, todos juntos, tanto faz) e procurem o túmulo mais antigo que puderem encontrar. Será aquele com a data da morte mais antiga, e não a de nascimento. Se não houver nada antes de 1911, encontrem outra merda de cemitério. Só vai funcionar se for antigo. 

Quinto passo: Reúnam-se em volta do túmulo. 

Sexto passo: Tire a caneta e o papel de dentro da bolsa. Rasgue o papel em quadradinhos que sejam grandes o bastante para escrever uma única letra em cada um e escreva: 

A primeira letra do primeiro nome (se houver mais de um nome na lápide escolha aquele que morreu há mais tempo) Escreva a última letra do último nome Escreva a primeira letra de cada parágrafo da seção logo abaixo do Interlúdio, na página anterior – são cinco ao todo, do ‘D’ ao ‘O’. Todos do seu grupo devem escrever pelo menos mais três letras de sua escolha. Mantenham-nas em segredo uns dos outros. Não use a mesma letra duas vezes quando for sua vez de escolher. Pegue o ano da morte. Cada número corresponde a uma letra do alfabeto. 1889, por exemplo, seria um ‘a’, primeira letra do alfabeto, ‘h’, oitava letra do alfabeto, ‘h’ e ‘i’. Se tiver um zero, pule. Em qual mês a pessoa morreu? Adicione da seguinte maneira: Janeiro – g. Fevereiro – a. Março – i. Abril – l. Maio – p. Junho – w. Julho – c. Agosto – r. Setembro – m. Outubro – b. Novembro – u. Dezembro – t. Se a pessoa morreu num dia do mês de número par, acrescente ‘f’, ‘t’ e ‘p’. Se tiver sido num dia ímpar, ‘w’, ‘s’ ‘c’. Coloque todas as letras na sua bolsa. Sem dobrar. 

Sétimo passo: vire a bolsa, deixando cair todas as letras a seus pés. Recolha aquelas que caíram viradas pra cima e queime uma delas com um fósforo. Coloque o restante das que caíram viradas pra cima na bolsa. Deixe as que caíram viradas pra baixo. 

Oitavo passo: Pegue o pequeno espelho e ande em círculo ao redor das letras viradas pra baixo três vezes, apontando o espelho na direção delas. Se houverem menos de seis letras, reponham a diferença com as letras da bolsa. Todos vocês, se forem um grupo, ou ambos, se for um par, ou só você, se foi corajoso o suficiente pra chegar até aqui sozinho. 

Nono passo: Recolha as letras viradas pra baixo, mas não olhe ainda. Acredito que agora você faz parte de um desses três grupos: Um, você está aí, fazendo isso, e você está nervoso. Dois, você está aí, fazendo isso, pensando que é ridículo e que nada vai acontecer. Três, você está no seu quarto. (Tsc, tsc, tsc.) Grupos um e dois, muito bem, estamos quase lá. Logo vocês poderão dizer “Eu realizei O Desafio”. 

Décimo passo: Um por vez, virem os pedaços de papel restantes. Esperem por uma palavra que vai aparecer entre as letras como num anagrama. Ela será bem curta. Como ‘oi’. Ou ‘corra’, ou ‘vá’. Qual é a sua palavra?

O Chamado da Mãe


Uma garotinha está brincando em seu quarto quando ela ouve a mãe chamá-la da cozinha, e então ela desce as escadas para encontra-la. Quando ela está correndo pelo corredor, a porta do armário debaixo das escadas se abre, e uma mão se estende e a puxa para dentro. É a sua mãe. Ela sussurra para a criança:

"Não vá para a cozinha. Eu também ouvi.”.

Orquestra Cigana

Então, hoje eu estava com meu Pai no Skype, ele ainda vive em Montenegro Já estava de noite e ele estava tomando uns drinques. E Deus sabe, quando aquele homem bebe, ele gosta de falar. Após meia hora dele me contando em como costumava ser um imã para meninas nos seus dias, meu celular tocou. Meu ringtone é uma composição clássica que eu gosto bastante, chamada Por Una Cabeza. Apertei em ignorar e voltei ao computador.
“Desculpa pai, prossiga.”
Sem resposta.
“Pai?”
Nada. Desde que meu celular tocara, meu pai havia se tornado no mínimo dois tons mais pálido.“Pai, ta tudo bem? Eu perguntei, preocupado.”
“A música, de onde é?” Ele mal gaguejava as palavras para fora.
“É só uma música que eu gosto… Porque?”
“A última vez que a ouvi...”
Meu pai é um cara durão e raramente mostra emoção, e vendo que ele estava afetado por isso, mesmo sob o efeito do álcool, era estranho.
“Me conta o que foi, pai.”
“Eu já lhe contei sobre a Orquestra Cigana? Sem olhar diretamente a mim.
“Não. É outra de suas aventuras?” Brinquei.
Seu rosto se manteve sem expressão, o que tirou o sorriso do meu rosto imediatamente.
O que está escrito a seguir, é o que meu pai me contou, a partir de sua perspectiva.


“Na Yuguslávia dos anos 80, nós costumávamos viver bem, bem melhor do que hoje em dia. Claro, era comunismo e não se tinha tantas chances, mas você tinha um emprego garantido assim que saísse da escola e as taxas criminais eram quase zero. 
A vida era boa para todos. Bem, quase todos. Haviam pessoas que ainda eram descriminadas. Nesse caso, os ciganos. Sabe sobre eles? Não?

Diz-se que os ciganos são uma tribo da índia que tem se arrastado pelo mundo a séculos. Eles não têm status em lugar nenhum, e a grande maioria são mendigos. Eles, geralmente, tocam música pelas ruas, pedindo por trocados para as pessoas. Alguns os ignoram, alguns os ajudam, outros só são idiotas com eles. Meu colega de quarto Besim e eu costumávamos nos carregar de bebida no fim de semana e sair bebendo e correndo atrás das garotas e dos bares legais da cidade. Em um fim de semana destes, estávamos voltando para casa a pé, e a neve chegava a nossos joelhos. Para garotos jovens como nós, um taxí seria um luxo impagável no momento, então caminhamos estressados até nosso prédio. Quando entramos no corredor principal, a luz estava apagada e ouvimos um som. Alguém tocava música, aquela do seu celular, numa gaita. Besim alcançou o interruptor e ligou a luz. Era um garotinho de uns 6 anos, um cigano. Ao nos ver, estendeu a mão na direção de Besim e perguntou se ele tinha alguns trocados.

Besim não respondeu, só continuou olhando para a criança com os olhos injetados de sangue.

Senti pena da criança. Vasculhei meus bolsos e achei umas moedas.
“Aqui garoto.” Disse, dando o dinheiro.
Nesse momento, guiado pelo que julgo ter sido álcool e raiva, Besim estapeou a mão da criança, jogando os trocados no chão.“Mas que merda cara?” Me segurei para não gritar com Besim e acordar os vizinhos.
“Essas merdas desses ciganos, sujando meu prédio!” Gritou e olhou para a criança, que se manteve parada, com o braço ainda estendido, olhando diretamente para Besim.
“Some daqui caralho!” Grita mais uma vez Besim, agarrando a camisa da criança e arrastando-a para a porta.
“Para caralho, cara!” Eu agora grito também. Besim, sendo bem maior que eu, me empurra de volta e prossegue puxando a criança.
“E não deixe eu te ver por aqui de novo, seu pedaço de bosta!” Besim ameaça a criança.
Agora, descalça como estava, a criança permanecia na neve, que facilmente chegava até seu quadril. 
Ainda segurando sua gaita. Eu posso vê-la tremendo de frio.“Você não quer fazer isso.” disse a criança na voz mais calma possível. Sua mandíbula tremendo com o frio.
“Mas o que?!” Grita Besim, ainda mais enfurecido. “Seu merdinha!”

Tentei pará-lo, mas ele era bem mais pesado e bem mais forte do que eu. Besim andou até a criança e deu um tapa tão forte que fez ela cair na neve. Corri até lá.
“Pelo amor de deus homem, já basta!” Disse, agarrando a jaqueta de Besim, “Vamos entrar de volta!”
Ao que andávamos de volta para o prédio, ouvimos a voz da criança dizer outra vez: “Você não deveria ter feito isso.”
Nos viramos e a criança estava de pé. Puxei a jaqueta de Besim o mais forte o possível pois eu podia sentir que ele ia matar a criança.

Ao invés de sair na neve, Besim tira uma lata fechada que levava no bolso de seu casaco e joga na criança, acertando em cheio a testa. Absurdo foi o quão silencioso foi, a lata batendo, o baque surdo e a criança caindo na neve fofa.

“Seu doente de merda,” Gritei com Besim, direto nos olhos. Corri até o menino. A neve ao seu redor estava ficando vermelha do fluxo sanguíneo saindo do machucado em sua cabeça.
“Você o matou!” Gritei de volta a Besim, assustado de que ele realmente houvesse matado a criança. Besim, parecendo assustado, veio ver o que ele havia feito. A luz da primeira varanda do prédio foi ligada.“Temos que sair daqui.” Disse Besim.
“Não, ele precisa de ajuda!” Respondi, tentando sentir o pulso da criança..
“Meu Deus cara, é uma porcaria de um cigano, homem. E se alguém nos ver, iremos pra cadeia.”
Foi difícil pensar nisso na hora, estava assustado, então me levantei e corremos para casa. 
Não tenho orgulho disso. Eu chamei a polícia do meu apartamento para a criança. Não sei se chegaram a pegar ele algum dia.
Ciganos não são exatamente a prioridade.
Passei o dia seguinte gritando com Besim. Nós chegamos até  perto de nos atingir com murros em alguns momentos. Ligaria para a polícia acusando Besim, mas ele não seria preso por bater em um Cigano. Me tranquei em meu quarto, sem querer ver aquele homem outra vez na vida.

Adormeci tarde naquela noite. Por volta das 4 da madrugada, ouvi música. Não era particularmente estranho porque Besim costumava ouvir suas músicas toscas quando ficava muito bêbado. O problema é que eu reconheci a música. Era a música que a criança tinha tocado no corredor na noite passada. Achei que a criança talvez tivesse se recuperado e retornado ao corredor. Me levantei, querendo ver se era realmente ele; Se fosse, precisaria tirá-lo de lá antes que Besim descobrisse-o.

Quando saí do meu quarto, congelei. A música não vinha do corredor, do lado de fora. Vinha, de fato, do quarto de Besim. Era claro, sem dúvida em minha mente, era a mesma música da última noite. Lentamente andei até seu quarto e bati de leve na porta.
Sem resposta, e a música continuava a tocar.
“Besim, ta tudo bem?” Perguntei, sem receber resposta.Precisava olhar dentro. Queria tanto que minha curiosidade não houvesse vencido meu cérebro.Abri a porta. A música parou.O quarto estava escuro, iluminado apenas por uma fraca luz que provinha da rua. De onde eu estava, podia apenas ver a cabeça de Besim no travesseiro.
Ele estava acordado. Sua cabeça se virou na minha direção, seus olhos abertos. 
Esbugalhados, melhor dizendo, extremamente assustados.
“Besim?” sussurrei, assustado.
Seus olhos se abriram ainda mais. Abri a porta por completo. Então o vi. Caralho, eu vi ele. 
Na ponta da cama de Besim, bem ao lado de seu pé descalço, estava o menino cigano ajoelhado. Ele olhava diretamente para mim.
“Mas que merda...” Consegui dizer, conforme meu queixo caia.

A criança aproximou a gaita da boca.
“Sai, agora.” 
Disse, calmamente, parecendo bastante sério. A luz da lua iluminou-o e pude ver que ainda sangrava pelo ferimento da testa. Não sabia como ele estava vivo com tanto sangue saindo da cabeça.
“O que você está fazendo para ele?” Sussurrei, praticamente paralisado de medo.
“Estão vindo... Você deveria sair agora,” disse a criança, se virando para Besim. Ele pôs a gaita de volta na boca e começou a tocar a música de novo. Fiquei lá por mais meio minuto ou algo assim, sem saber o que fazer. Besim não saiu da cama, ele sim, estava, de fato, paralisado. Seus olhos falavam por ele. Horror. Tudo o que diziam. Horror. Não sei se ele estava com dor, mas com certeza, estava aterrorizado. Quem não estaria?
“Sai, AGORA!”
Pulei. O garoto olhava para mim, seus olhos eram negros,mas posso jurar que ficaram muito mais escuros pois não via mais o branco deles.  Tinha que sair. Não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que não era mais seguro. Ao que estava fechando a porta, vi algo que vai ficar comigo para sempre. A criança começou a morder o pé de Besim. E eu não estou brincando. Não foi uma mordida violenta; ele só colocou a boca ao redor dos dedos. Olhei para Besim e pude ver lágrimas saindo de seus olhos, escorrendo por suas bochechas. Ele me implorava por ajuda com seu olhar, mas não poderia fazer nada, eu precisava sair dali, correr para o mais longe que pudesse.

Enquanto saia do apartamento, vi pegadas da neve e água na sala, a criança deve ter trazido quando entrou. Fechei a porta e comecei a descer as escadas. Comecei a ouvir novamente a música, mas, dessa vez, mas complexa, como se não fosse só mais uma pessoa tocando, Não ia ficar por lá para tentar entender. 
Corri escada a baixo. E pude ver mais neve, muito mais neve, não tinha como só aquele menino ter trazido tanta neve. Quando saí do prédio, parei.
Centenas de pegadas frescas vindo da rua levavam direto ao nosso prédio.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Casa dos Rostos


Ao entrar em sua modesta cozinha em uma abafada tarde de agosto de 1971, Maria Gomez Pereira, uma dona de casa espanhola, espantou-se com o que lhe pareceu um rosto pintado no chão de cimento. 


Estaria ela sonhando, ou com alucinações? Não, a estranha imagem que manchava o chão parecia de fato o esboço de uma pintura, um retrato.

Com o correr dos dias a imagem foi ganhando detalhes e a noticia do rosto misterioso espalhou-se com rapidez pela pequena aldeia de Belmez, perto de Cordoba, no sul da Espanha. Alarmados pela imagem inexplicável e incomodados com o crescente número de curiosos, os Pereira decidiram destruir o rosto; seis dias depois que este apareceu, o filho de Maria, Miguel, quebrou o chão a marretadas. Fizeram novo cimento e a vida dos Pereira voltou ao normal.

Mas não por muito tempo. Em uma semana, um novo rosto começou a se formar, no mesmo lugar do primeiro. Esse rosto, aparentemente de um homem de meia idade, era ainda mais detalhado. Primeiro apareceram os olhos, depois o nariz, os lábios e o queixo.

Já não havia como manter os curiosos a distância. Centenas de pessoas faziam fila fora da casa todos os dias, clamando para ver a “Casa dos Rostos”. Chamaram a policia para controlar as multidões. Quando a noticia se espalhou, resolveu-se preservar a imagem. Os Pereira recortaram cuidadosamente o retrato e puseram em uma moldura, protegida com vidro, pendurando-o então ao lado da lareira.

Antes de consertar o chão os pesquisadores cavaram o local e acharam inúmeros ossos humanos, a quase três metros de profundidade. Acreditou-se que os rastos retratados no chão seriam dos mortos ali enterrados. Mas muitas pessoas não aceitaram essa explicação, pois a maior das casas da rua fora construída sobre um antigo cemitério, mas só a casa dos Pereira estava sendo afetada pelos rostos misteriosos.

Duas semanas depois que o chão da cozinha foi cimentado pela segunda vez, outra imagem apareceu. Um quarto rosto - de mulher - veio duas semanas depois.

Em volta deste ultimo apareceram vários rostos menores; os observadores contaram de nove a dezoito imagens.

Ao longo dos anos os rostos mudaram de formato, alguns foram se apagando. E então, no inicio dos anos oitenta, começaram a aparecer outros.

O que - ou quem - criou os rostos fantasmagóricos no chão daquela humilde casa? Pelo menos um dos pesquisadores sugeriu que as imagens seriam obra de algum membro da família Pereira. Mas alguns quimicos que examinaram o cimento declararam-se perplexos com o fenômeno. Cientistas, professores universitários, parapsicólogos, a policia, sacerdotes e outros analisaram minuciosamente a imagem no chão da cozinha de Maria Gomes Pereira, mas nada concluiram que explicasse a origem dos retratos.


Hora de dormir III (pt.5)


A alguns dias atrás eu postei duas histórias de dar pesadelos que aconteceram comigo na minha infância, então seria melhor se você lesse elas primeiro para entender completamente o que aconteceu comigo. Eu tenho sido compelido ao silêncio, tomado pelo medo irracional de que de alguma forma, mesmo depois de tantos anos, se eu falasse sobre isso, aquelas coisas iram me perseguir mais uma vez e causar um estrago na minha vida.

No nome da ciência e da razão eu confrontei esses medos e me livrar dessas memórias perturbadoras e de uma vez por toda compartilhar com outras pessoas, expondo-os pelo o que eu achava que eles eram; as desilusões de uma criança perturbada. Eu venho me segurando no meu ceticismo e racionalidade por toda vida, eu tenho deixado elas me definir, mas nessa manhã eu fui presenteado com provas fisicamente verificáveis. Provas do que eu não sei o que é, mas não posso ignorar, e parece estranho para mim que os últimos dias tem sido tão maculados pela apreensão e desgraça depois de finalmente ter quebrado o meu silêncio, que eu não posso mais contar com explicações convencionais e racionais.

Na sequência de compartilhar essas experiências traumáticas enquanto criança, eu venho sendo atormentado por uma enorme sensação de desconforto. Inicialmente, eu relacionava isso ao medo que eu tinha experimentado em simplesmente contar e reviver esses eventos terríveis em minha mente, mas os dias foram passando e a agonia aumentando; um sentimento de morte iminente consumia cada um de meus pensamentos.

Enquanto eu ficava sonolento, o descanso não vinha junto com essa sensação. Toda manhã eu acordava, meu nervos a flor da pele, como se eu tivesse sido privado de dormir por uma década. Nada verdadeiramente assustador aconteceu durante as primeiras noites, nenhum visitante, nenhuma respiração chiada vindo de dentro das paredes do meu quarto, mas eu estava com a estranha sensação de que não estava sozinho.

Não me entenda mal, eu não sentia que outra pessoa estava no quarto comigo. Eu não ouvia, sentia cheiro, ou sentia qualquer coisa remotamente sobrenatural, mas ao longo dos meus dias e noites eu tinha sentido algo sutil, quase no contorno da minha consciência, a sensação de que algo estava a caminho, como as primeiras lufadas estagnadas de ar de um túnel de metrô, anunciando a chegada de uma monstruosidade impáravel; surpreendente, mas ainda assim esperado.

Minha sensação de mal-estar cresce a cada dia que passa, pressionando sob minha pele, fundo em minha mente como uma infecção cancerígena. Eu tentei focar minha atenção em vários projetos de escrita em uma tentativa frustrada de preencher minha mente até a borda com outros pensamentos, com esperança de não deixar nenhum espaço para aquelas memórias contaminadas. Mas, no entanto, esses pensamentos fizeram seu caminho a minha mente perturbada.

Minha ansiedade ganhou tanta força até que eu não conseguia pensar em mais nada. Eu tinha que fazer alguma coisa! Eu tinha estudado psicologia por anos na faculdade, e com isso eu sabia que a ansiedade é normalmente o resultado da perda de controle, e que um dos modos mais eficientes de combatê-la é  fortalecer a sim mesmo; e isso era o que eu pretendia fazer. Chame isso de imprudente, mas eu estava indo de volta para aquele lugar, a casa onde aqueles terríveis acontecimentos tiveram inicio. Eu estava indo confrontar aquelas memórias e expô-las pelo o que elas eram: um absurdo.

Era uma hora de carro até minha antiga casa, mas eu a fiz com alegria. Eu estava confiante, à vontade, feliz; Eu estava no controle agora e nada iria ficar no meu caminho de mostrar a mim mesmo que o lugar que eu temi toda a minha vida não era nada mais que uma casa de tamanho médio, monótona e inofensiva.
Alegremente eu fiz o meu caminho pela autoestrada e finalmente cheguei à cidade. Aos poucos as ruas começaram a se tornar familiares. Memórias de brincar naquele bairro vieram a tona à mim, um parquinho com meu escorregador favorito, uma quadra de concreto onde eu costumava jogar bola, o pátio do meu colégio cheio de lugares para esconde-esconde e amizades abandonadas mas nunca esquecidas.

Minha mente vagou por essas memórias; me puxou tanto que quando me dei conta eu já estava na rua onde eu tinha vivido uma vez. O caminho tinha sido longo e foi finalmente desaparecendo em uma curva cega acentuada. Era uma vizinhança antiga, e tinha sido planejada e construída muito antes da vaga ideia do automóvel; isso era evidente pelas suas ruas estreitas, dando uma sensação claustrofóbica, como se as casa tivessem sido estendidas de cada lado da rua, olhando de soslaio para os que passavam por lá.
Eu diminui a velocidade e olhei para cada casa que eu passava. Era um lugar uniforme, mas cada casa não era muito diferente entre si. De repente meu coração começou a acelerar com um calafrio correndo por minha coluna, e lá estava, lá estava a casa! Era fim de tarde e a rua estava calma, quase solitária. Eu olhei para aquele lugar pensando como uma casa tão comum podia ter instalado tanto medo em mim.

Eu, inicialmente, tinha a intenção apenas de olhar a casa de longe, confirmando para mim mesmo que era apenas materiais de construções juntos, inteiramente explicável, e não tinha nada estranho por lá. Mas quando eu estacionei e respirei fundo, antes que eu percebesse eu estava fora do meu carro, andando ao longo daquele portão velho, uma vez que suas formas metálicas floreais estavam escurecidas pelo o tempo, descamando em uma pintura verde escura, revelando a ferrugem por baixo. Corri meus dedos pelo topo irregular, e com um suspiro, empurrei e abri o portão.

Caminhando ao longo do pátio eu estava chocado com a forma que o jardim fora abandonado. Eu fiquei pensando para mim mesmo o desperdício que era aquele gramado que costumava ser de ótima qualidade, e agora não era nada mais que um mosaico obscurecido de ervas daninhas e outras espécies invasoras, mas quando me aproximei da casa, percebi porquê: Estava desocupada. Mais um arrepio ­correu pelo meu corpo, mas enquanto a ansiedade acordava, eu desfiz o pensamento com meu mantra mental:

"A mais simples das explicações é geralmente a correta".

Eu presumi que, devido a atual conjuntura econômica na qual a casa tinha sido posta a venda tinha ficado apenas por um tempo, e que o proprietário não estava muito consciente de que as pessoas "julgam o livro pela capa", mas quando eu olhei em volta eu não vi nenhuma placa de " A venda" ou de "Aluga-se". A casa parecia realmente como se tivesse sido esquecida, abandonada e deixada para apodrecer.

As janelas da frente da casa estavam imundas, e assim, ficando impossível de olhar por elas, mas  eu vaguei contornando a construção e pude ver mais claramente dentro. Eu imaginei que uma casa como essa estaria vazia, mas ao contrário, estava totalmente ocupada, ocupada por tralhas do mundo moderno. Eu podia ver uma televisão em uma estante em um canto da sala de estar, uma mesinha de centro com revistas espalhadas por cima, varias peças de mobília como se estivesses prontas para serem usadas, e duas xícaras de cafés no parapeito da janela ainda cheias, cobertas de bolor. Eu acreditaria que a casa era ainda habitada se não fosse a grossa camada de poeira que cobria tudo lá, e uma grande quantidade de teias de aranha.

Parecia que as últimas pessoas que tinham morado ali tinham saído as pressas, e nunca voltaram.

 Andando por um mar de grama que ia até minha cintura, eu eventualmente cheguei pequena e inofensiva janelinha do fundo da casa. O simples vislumbre da janela me meteu medo, mas era apenas uma velha memórias e não um sentimento esquisito de estar sendo vigiado de fora como eu tinha acontecido comigo quando criança.

Uma profunda onda de raiva tomou meu corpo momentaneamente, mas eu a tirei da minha cabeça rapidamente. O quarto tinha sido claramente de uma criança e o pensamento da coisa assustando ou machucando mais um inocente ser me encheu de desprezo por tal pensamento, e dentro de mim crescia a vontade de querer proteger qualquer criança de tal abominação.

Ao olhar para a parede, de qual uma cama estava encostada, os cabelos da minha nuca ficaram de pé. Por um momento (e foi o menor deles) eu achei ter visto a coberta de cima da cama se mexer. Mais do que isto, através da vidraça da janela, eu poderia jurar que ouvi um gemido chiado. Fechando meus olhos com força eu repeti mentalmente meu outro mantra cientifico:

" A ciência não deve suas dívidas à imaginação."

Abrindo os olhos, eu  não vi nada além de um quarto vazio. Nenhum espírito imundo, nada sobrenatural; Apenas um quarto, nada mais, nada menos. Dei um suspiro de alívio como se tudo estivesse certo, em seu devido lugar, pela primeira vez em muito tempo. Você pode pensar que era uma ilusão, mas eu realmente senti que eu tinha mostrado a mim mesmo que não havia nada a temer, além da minha imaginação fértil.

Estava começando a ficar escuro e eu queria estar em casa antes da noite. Agora cheio de confiança que minha ansiedade escondia, havia mais uma coisa que eu tinha que fazer. Quando nós deixamos a casa, fizemos isso apressadamente. Como eu era criança foi muito desorientador, até mesmo muito assustador deixar tudo que eu conhecia para trás, mas havia uma coisa que eu quis saber sobre.

No fundo do jardim havia uma árvore de Sicômoro que parecia ser ainda mais antiga do que a casa. Fiquei espantado como ela tinha ficado inalterada com o passar dos anos Eu tinha crescido, passado por várias fases da minha vida, mas o velho Sicômoro ainda estava de pé, sábio, quase amigável em sua aparência. 

(CONTINUA...)

Pesadelo


Meu maior pesadelo ocorreu quando ainda era um adolescente. Eu estava dentro de um hotel, e nele, era um detetive forense.


Cercado por um grupo de policiais, eu fui levado a um quarto de hotel em um andar muito alto. Ao chegar à porta, de número 167, fui colocado lá dentro. Um dos policiais fechou a porta atrás de mim e começou a desesperadamente bloquea-la fora, gritando pela porta e explicando que esta foi uma "simples precaução tomada a fim de evitar que o assassino tentasse voltar à cena do crime para acabar com as provas".

Eu (desconfiado com toda aquela situação, mas focado em meu trabalho), acabei não questionando esta "simples precaução", e fui direto para uma sala de estar. Sentado no sofá, havia um corpo. Um homem que parecia ter uns 30 anos estava morto, sentado com sua cabeça pendurada para trás sobre a almofada do sofá. Perturbadoramente o suficiente, um buraco muito grande atravessava todo seu estômago, assim como o sofá também. Fui até a parte de trás do sofá; entranhas, órgãos desmembrados e espumas ensanguentadas jogadas no carpete. Era muito fácil conseguir enxergar completamente através do buraco no sofá e do estômago do homem. Diante daquilo, eu mantive minha compostura, fiz algumas anotações e decidi seguir em frente.

Caminhei lentamente por uma pequena cozinha até chegar ao banheiro, e sua porta estava aberta. Deitado dentro da banheira, estava o cadáver de outro homem, muito mais velho e massacrado do que o primeiro. Seu corpo estava rasgado da área genital até sua garganta, e a água da banheira estava com coloração vermelho-escuro (graças a quantidade de sangue que escorreu de dentro dele). Fiz mais algumas anotações, e já estava prestes a me virar e sair, quando de repente, ouvi um barulho estranho, como se fosse um pé pisando em uma poça molhada. Desesperado, olhei em volta mais uma vez, quando notei uma mão segurando a base do vaso sanitário. Andei em direção a ela até que vi, lá no canto do banheiro, agachado no espaço entre o vaso sanitário e a parede, um homem, com suas mãos sangrando.

Ele correu pra fora do banheiro e bateu a porta ao sim, prendendo-a com uma cadeira. Fiquei parado, sem reação, ouvindo suas ações do outro lado da porta; objetos sendo arrastados freneticamente, respiração pesada e de repente.... silêncio. Aproveitando a oportunidade, dei um chute na porta e olhei em volta. Nada havia mudado, nenhum sinal de que aquele homem havia passado por aquele lugar. Havia, no entanto, um novo corpo deitado no chão da cozinha. Uma mulher, estranhamente famíliar, estava sem roupas e jogada de bruços no chão. Havia marcas de corte profundo passando por todo seu corpo; pernas, braços, barriga, seios, garganta e no rosto também. Seus olhos foram removidos, mas todo o corpo estava estranhamente limpo. Sem sangue, sem sinais de mutilação, além dos cortes profundos e de seus olhos perdidos.

Antes que eu começasse a estudar o corpo, de repente, duas pálpebras se abriram, afundadas profundamente nos recessos dos buracos dos olhos da moça. Dentro de sua boca aberta e escancarada, outra boca se abriu e sorriu. Seus dedos tremiam ligeiramente. Agora, tudo fazia sentido; aquele homem havia assassinado a mulher, dissecado seu corpo e estava usando sua pele como uma espécie de terno. E aquele rosto familiar... Quando me dei conta, cai pra trás na mesma hora. “MÃE?!”. O homem se levantou lentamente, olhou pra mim com aquele sorriso horrível estampado em seu rosto, e gritou: "Não estou bonita, filho?!".

Velho Hospital


Um homem, sangrando de um ferimento à bala, entra desesperadamente em um prédio alto de tijolos. Ele grita por socorro, e duas enfermeiras saem correndo de dentro de duas enormes portas.

"Relaxe, senhor", uma delas lhe diz. "Nós cuidaremos de você agora mesmo."

Eles colocam-no em uma maca e levam-no por um longo corredor, cheio de pequenas salas de espera. No entanto, de dentro dos quartos, ele ouve sons de gritos abafados e o som de ossos sendo esmagados.

"O que está acontecendo aqui?", perguntou ele, em pânico.

"Estamos levando-o para um lugar onde possamos cuidar de você", uma enfermeira disse com um sorriso.

"O caralho que você está", ele gritou ao ser jogado pra fora de uma maca, caindo no chão em cima de sua ferida. "Mas que tipo de hospital é este?! Vocês deveriam curar as pessoas, e não matá-las!”.

Ele apoiou-se contra uma sala e conseguiu dar uma olhada no que estava acontecendo. Lá, sentado e amarrado em uma cadeira, um homem estava sendo dilacerado por mãos que se projetavam das paredes, e depois, puxavam seus pedaços de volta pra dentro da parede.

"O que é isso?!", ele gritou enquanto as enfermeiras o cercavam e tiravam de seu avental uma seringa cheia de um líquido claro. Ele lutava parar escapar, enquanto elas injetavam as seringas nele.

Enquanto sua visão começava a sumir, ele sussurrou: "Este é um hospital horrível.".

"Quem disse alguma coisa sobre este ser um hospital?", a enfermeira perguntou. "Nós só gostamos de nos alimentarmos dos fracos."

Vire-se


Vire-se.

Não há nada, certo?

Apenas um espaço vazio. Ar, talvez uma brisa, móveis, escadas, talvez uma janela, que seja, isso não importa.

O que importa é que não mais há ninguém lá, certo?

Sim.

Você sentiu isso?

Essa pequena cócega em suas costas?

Não se preocupe, provavelmente é porque você está lendo histórias assustadoras! Paranoia é algo completamente normal.

Você quer se virar mais uma vez?

Vá em frente.

Agora que você voltou pra cá, vou lhe pedir um favor.

Não se vire novamente.

Você já olhou na direção dele duas vezes, ele já sabe qual será sua próxima ação.

Se você se virar, você vai vê-lo. E se você vê-lo, ele verá você. Você está a salvo, por enquanto, com seus olhos voltados para mim.

Mas você tem que compreender, ele não é burro.

Você acaba de olhar na direção dele pela terceira vez.

Eu não olharia para cima, se eu fosse você.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Cubo Companheiro



Já se sabe que os desenvolvedores do game “Portal” colocaram o “Cubo Companheiro (um cubo normal, só que com vários corações desenhados em volta dele)” no jogo para que os jogadores carregassem-no durante toda a fase, ao invés de deixa-lo para trás, certo? Bem, o que a maioria das pessoas não sabe é que ele não é a única coisa que eles acrescentaram durante seu desenvolvimento.

Estou falando, é claro, dos chamados "Ninhos do Rattmann", salas secretas fora do caminho do jogador em que se observa segredos e anotações de uma pessoa que supostamente teria passado por aqueles mesmos testes sádicos de GLaDOS (antagonista do jogo) muito antes da protagonista, Chell. Os “ninhos” consistem principalmente em imagens e mensagens insanas (rabiscadas repetidamente), dizendo coisas como "O bolo é uma mentira!". Em uma dessas salas, você pode encontrar uma misteriosa mensagem de áudio: um dos ataques esquizofrênicos de Doug Rattmann, claramente levado a loucura por GLaDOS. Estes foram adicionados mais tarde no desenvolvimento do game.




AVISO: A MENSAGEM A SEGUIR PODE SER PERTURBADORA PARA ALGUMAS PESSOAS.


Inicialmente, as áreas eram nada mais do que salas minúsculas e mal texturizadas que os playtesters (pessoas que testam o jogo durante seu desenvolvimento) encontrariam quase que por acidente. Uma vez que os playtesters alcançavam essas salas escondidas, eles começavam a agir de maneira estranha.

A primeira pessoa foi encontrada sentada no chão, sentada em posição fetal sobre seu controle de vídeo-game. Quando perguntado qual era o problema, ele começou a gritar bobagens sem sentido e tentou matar o guarda que o acompanhou para fora do prédio.

A próxima pessoa, uma mulher, deu um passo a mais. Seguranças correram para a sala quando ouviram gritos. A mulher havia feito cortes profundos em seus braços e estava jogada no chão, sangrando e contorcendo-se violentamente. Eles a levaram para o hospital, onde ela fez uma recuperação completa, sem memória do incidente.

A terceira pessoa simplesmente parou. Ele parou de jogar, parou de se mover, até mesmo parou de falar. Ele entrou em um estado catatônico. Sua família tentou processar a empresa, mas eles não tinham um caso sério o suficiente para isso. Os desenvolvedores, nessa altura, estavam obviamente muito preocupados, mas o que eles poderiam fazer? Jogos de videogame não enlouquecem pessoas.

Levou um assassinato para que eles mudassem de ideia.

Embora o ultimo testador parecesse bem, os desenvolvedores só descobriram o que aconteceu quando receberam um telefonema da polícia. O homem colocou sua única filha a força dentro de um forno, e a queimou até a morte; a palavra "bolo" fora escrita em todo seu cadáver carbonizado com um marcador permanente.

É interessante notar, no entanto, que o “Cubo Companheiro” só foi acrescentado mais tarde, após o teste da versão beta do jog. Porém, todos os testadores exibiram o mesmo comportamento estranho; primeiro ficavam catatônicos, depois ficavam calmos, e por ultimo, extremamente violentos.

Outro sintoma se desenvolveu mais tarde: um extremo senso de piromania. Não importa se era fogueira, forno, ou um simples fósforo acesso, as pessoas sempre eram levadas a chegarem perto do fogo a ponto de se queimarem. Porém, no final, a Valve (empresa desenvolvedora do jogo) descobriu uma maneira de evitar essas coisas.

Originalmente, na versão beta, você deixava o cubo dentro de uma espécie de duto de ar e passava para a próxima fase. Agora, você deve queimar o cubo dentro de uma fornalha. Você queima seu único amigo. No entanto, o duto ainda está lá. Escondido, no meio de uma bagunça de pixels, só esperando para ser redescoberto.

Adivinhe o que acontece se você encontrar o duto e NÃO queimar a Cubo Companheiro?

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Hora de dormir II (pt. 4)


Eu gritei, e rapidamente meu irmão e minha mãe entraram no meu quarto, ligando as luzes, perguntando se tinha sido outro sonho ruim. Eu fiquei sentado sem falar nada, mal reconhecendo-os, olhando fixamente para a poltrona vazia.

Eu fiquei naquele quarto poucos dias antes da gente se mudar repentinamente. Eu não vi mais nada nas noites seguintes, exceto pela ultima noite naquele quarto quando eu  acordei sentindo algo respirando na minha orelha. Eu pulei da cama, ligando a luz. A respiração lenta rítmica de algo que não podia ser visto continuou, mais alto do que antes. Eu passei o resto da noite no sofá da sala de estar.

Dois anos mais tarde, eu dormia profundamente na minha cama, em nossa nova casa. Não tinha havido nenhum outro incidente desde a mudança, e eu estava certo que tinha deixado para trás toda a estranheza que antes me atormentava, naquela casa comum suburbana.

Eu, no entanto,tinha ganhado um presente de despedida. Meus torturadores (na minha opinião o observador da poltrona era uma diferente entidade do que do quarto alongado) tinham uma última surpresa reservada para mim. Como um animal alegando seu território, eu não estava completamente fora de seus alcances.
Por um último aterrorizante momento, eu senti a presença daquelas... coisas. O som deles dormindo ficaram adormecidos desde os últimos dois anos de experiência. Eu estava dentro de um terrível pesadelo e de repente, alegremente, acordei, são e salvo na minha cama. O quarto estava mais escuro do que o de costume. Eu suspirei aliviado, desses suspiros de fim de pesadelos.

Mas o quarto estava escuro demais.

Eu não podia ver nada, como se algo tivesse sugado toda a luz do quarto. Eu ri para mim mesmo,  percebendo que eu devia ter puxado o meu cobertor para cima do meu rosto enquanto eu estava dormindo. A manta de algodão parecia gelada contra meu rosto, mas o ar estava um tanto quente, quase sufocante. 

Quando eu estava para tirar o cobertor do meu rosto para pegar um pouco de ar fresco, eu ouvi: Pela última vez eu ouvi.

O respirar rítmico do observador dos pés da minha cama.
O medo me encheu, seguido de raiva e desespero. Porque eles não me deixavam em paz? Eu então fiz uma coisa muito fora do comum. Eu decidi falar com ele. Talvez a coisa não queria me machucar, talvez ele não tinha noção do terror que tinha me causado. Certamente um menino merecia um pouco de misericórdia, não é?

Quando o respirar começou a ficar mais perto e mais alto, eu comecei a chorar. Eu conseguia sentir a presença da coisa do outro lado da coberta, sua respiração pairando sobre mim como um vento estagnado.
Entre as lágrimas eu deixei sair três palavras, palavras que com certeza botariam um fim naquilo.

"Pare, por favor."  

O respirar começou a mudar, ficou mais animado, de certa forma, mais rápido. Eu podia ouvir algo se arrastando perto de mim, ficando do meu lado. O respirar então se moveu, primeiro para o pé da cama, e então pelo quarto, depois pela porta, pelo corredor, e então se foi.

Meio chorando, meio eufórico, eu fiquei deitado na escuridão, meu rosto ainda coberto pelo cobertor. Você pode considerar isso algum tipo de vitória, mas eu não considero. Se aquelas coisas eram reais, agora eu sei sem sombra de dúvida, que suas intenções não tinham sido mau interpretadas por mim, eles eram ruins, cheios de malícia. Eu normalmente nunca usaria uma palavra para descrever qualquer coisa, mas eles eram o mais perto de Mal que eu já vi em minha vida.

Como eu sei isso? Eu vou te dizer como. Momentos antes do que parecia ser a coisa saindo da minha casa, algo fez pressão em cima de mim, empurrando o cobertos contra meu rosto com grande força. Eu podia sentir a mão enorme com dedos longos em volta do meu crânio, com suas unhas feito navalhas afiadas cravando na minha cabeça. Eu dei um jeito de escapar entre o espaço da cama e da parede, me rastejando e correndo, gritando para acordar minha família.

Não se engane, aquela coisa da escuridão queria me sufocar, sufocar até a morte.